Review Filme "O poço " - Egoísmo e Indiferença

Em 2019, a Netflix acertou em cheio com a estreia do filme espanhol "O Poço". Inegavelmente relevante, esse filme não teve medo de expor a desigualda
Vivi


 


Em 2019, a Netflix acertou em cheio com a estreia do filme espanhol "O Poço". Inegavelmente relevante, esse filme não teve medo de expor a desigualdade social e o egoísmo humano de uma forma que realmente fez as pessoas pararem e pensarem. As posições do filme mostram uma prisão vertical, onde os detentos dos andares superiores se empanturram de comida enquanto os de baixo passam fome. É uma metáfora nada sutil, mas extremamente eficaz sobre como os recursos são distribuídos em nossa sociedade. É triste e brutal, mas é o mundo em que vivemos, e o filme não tem medo de nos mostrar isso. Neste vídeo, vamos abordar algumas das mensagens do filme e como se relacionam com a sociedade em que vivemos. Mas antes de continuarmos, considere curtir e se inscrever no canal. E se você tem algo a acrescentar à discussão sobre o filme, deixe um comentário, mas sempre de maneira elegante. Quem diria que a arquitetura sombria de um poço poderia servir como um espelho do sistema capitalista, pois é exatamente isso que "O Poço" faz, mostrando os diferentes níveis de prisão com sua distribuição.


Força maior e a ideia de que desafiar ou tentar mudar o sistema é inútil, esse fatalismo muitas vezes sem raiz na religião, pode moldar as pessoas para aceitar suas circunstâncias como a vontade de Deus. Não é raro ouvir alguém justificando a desigualdade ou adversidade com a afirmação de que Deus quis assim. Isso faz um paralelo curioso com a teoria de Max Weber sobre 'A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo'. Weber sugeria que a crença na predestinação poderia levar as pessoas a aceitar a desigualdade social passivamente, afinal, se você é rico ou pobre, é porque estava escrito. Essa mentalidade é apresentada como um empecilho para a mudança e a justiça social. É como se estivesse dizendo: 'Veja, é isso que acontece quando aceitamos as coisas como estão sem questionar'. Mais uma provocação em um filme que não tem medo de cutucar nossas feridas mais profundas.


Ao contrário do resignado 'Ultra magazi', temos agora o protagonista que carrega consigo a crença de que a educação e o conhecimento podem ser poderosas armas de resistência e transformação. Enquanto a maioria dos prisioneiros opta por levar ao poço objetos práticos, como armas e defesa, ele leva um livro, uma escolha que muitos consideraram inútil, mas que ele defende com convicção, destacando a importância do conhecimento e da educação. Essa postura encontra ressonância na teoria da pedagogia do oprimido de Paulo Freire, que via a educação como meio para a libertação social. Freire defendia que, ao se apropriarem do conhecimento, os oprimidos poderiam começar a questionar e desafiar as estruturas de poder existentes. Através do protagonista e seu livro, 'O Poço' endossa essa visão. A insistência da personagem na educação e no conhecimento desafia a opressão inerente ao sistema da prisão, sugerindo que a mudança é possível mesmo nas circunstâncias mais sombrias. É como se o filme nos dissesse que, por mais sombrio que o poço possa parecer, sempre há uma luz no fim do túnel, e essa luz poderia muito bem ser o brilho do conhecimento.


'O Poço' é uma espécie de teatro de marionetes sociais, onde cada personagem simboliza diferentes ideologias e posturas perante a vida. Agora, o construtalismo e o apego à razão se encarnam na esperança na mudança e na justiça social, enquanto o resignado espelho é uma mentalidade mais cínica e egoísta. A jornada desesperada da personagem pelo poço, mesa após mesa em busca da filha, representa a busca incansável por conexão em um mundo que parece cada vez mais cruel e indiferente. Ela é a personificação da resistência humana e da esperança em face do desespero.



E então temos Mógli, uma ex-funcionária da administração do poço. Ela é a personificação da negação e da ignorância que costumam acompanhar o privilégio. Apesar de ter trabalhado nos bastidores do poço, Mógli é impressionantemente ingênua sobre a vida lá dentro. Ela acredita piamente na justiça do sistema e tem certeza de que a administração jamais permitiria que crianças fossem submetidas a tal horror. A negação cega de Mógli à dura realidade do poço é um retrato contundente de como o privilégio pode criar uma venda que impede as pessoas de enxergarem a injustiça ao seu redor. É como assistir a um filme, você está olhando, mas não está vendo.


No entanto, por mais sombrio que seja o enredo de 'O Poço', no fim ele nos entrega um lampejo de esperança. A criança que ninguém consegue encontrar nas profundezas do poço simboliza a inocência e a chance de transformação. Sua decisão de enviá-la para cima, em vez de uma sobremesa para satisfazer os administradores, é um último e definitivo grito de rebelião contra o sistema. Em um mundo como o nosso, flagelado por desigualdades que parecem ser cada vez mais intensas em meio a crises ambientais e políticas, 'O Poço' surge como um espelho refletindo as consequências brutais do egoísmo e da indiferença. O filme provoca, incita e desafia-nos a questionar as nossas crenças e comportamentos, convidando-nos a lutar por um mundo mais justo e sustentável. Ao fim, 'O Poço' faz uma declaração poderosa: a mudança só se torna possível quando nos recusamos a aceitar passivamente as injustiças do mundo e nos comprometemos a construir um sistema mais equilibrado e justo. É um lembrete duro, porém necessário, de que não podemos nos dar ao luxo de sermos espectadores passivos em nosso próprio mundo." 



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