Análise Outcast: A New Beginning | Um Game Ambicioso & Visuais Deslumbrantes

Danilo Medeiros


Em 1999, a Infogrames e o estúdio Appeal lançaram um dos grandes clássicos cult de PC: Outcast - um jogo com uma liberdade de exploração incomum na época e um precursor de visuais que usavam voxels para construir o mundo aberto que você explora. Apesar do sucesso crítico e mesmo com o remake recente, é o tipo de jogo que você não espera que uma continuação aconteça tanto tempo depois do jogo original. Mas de vez em quando temos esses momentos raros, não é? E Outcast: A New Beginning é o resultado dessa tentativa de dar continuidade a uma franquia tão peculiar.


Outcast: A New Beginning é uma continuação direta do primeiro jogo e coloca você novamente no papel de Cutter Slade, que protagonizou a primeira aventura. Vinte anos após sua última aventura, Cutter volta à vida graças ao poder dos deuses de Adelpha e se encontra no planeta sendo escravizado por um exército de robôs liderados pelos humanos invasores. Mais uma vez, você vai precisar salvar o mundo.


Um dos elementos chaves de Outcast: A New Beginning, de acordo com Pablo Coma, o diretor do jogo, é sua não linearidade. Isso fica evidente logo na introdução, onde após um tutorial básico, você é livre para conduzir Cutter Slade para onde quiser e começar a lidar com os problemas desse mundo alienígena.


A ambição de Outcast: A New Beginning está enraizada nessa não linearidade. Durante boa parte do jogo, você tem dois objetivos principais: conseguir 10 containers de helidium branco, um recurso essencial para proteger a capital dos Talans, a raça de alienígenas que vive em Adelpha; e coletar um Daromon de cada uma das 6 vilas principais espalhadas pelo planeta, algo que representa a união dessas vilas para um evento especial. Essas tarefas estão interconectadas, com a progressão em uma vila desbloqueando novos caminhos em outras. 


Quando você chega em uma vila, fica evidente o esforço da Appeal Studios em criar uma teia cultural e comercial que entrelaça todos os Talans de Adelpha. Cada vila tem seus próprios desafios e objetivos, como ajudar na produção de uma bebida chamada de Lampé ou resolver uma profecia que facilitará a colheita de frutas Morags. E conforme você resolve esses problemas, você pode ver as mudanças em tempo real nas vilas, como a volta da distribuição da bebida Lampé ou a implementação de novos métodos de colheita.


Essa ambição da interconectividade e a quantidade de conteúdo que precisa existir para que isso funcione - cutscenes, diálogos, diferentes tipos de objetivos, reatividade no mundo - acabam sendo um dos maiores problemas de Outcast: A New Beginning. O jogo simplesmente é muito desengonçado. Sua parte técnica não convence, com quedas de frame constantes, cutscenes e atuação de voz que não agradam, além de uma narrativa medíocre que apela para conclusões clichês.


O combate também sofre com esse desengonçamento, funcionando de forma truncada, com poucas reações dos inimigos e lutas de chefe sem criatividade. Além disso, uma grande quantidade de bugs, desde os mais bobos até os que causam crashes, prejudicam bastante a experiência, especialmente no terço final do jogo que foca muito em confrontos.


Mas, apesar de todos esses problemas, Outcast: A New Beginning é um jogo muito divertido. Essa interconectividade entre os objetivos das vilas faz com que progredir no jogo seja algo fluído e você acabe presenciando constantemente as consequências das suas ações, o que é especialmente agradável graças ao charme presente nos personagens excêntricos.


O combate, apesar de truncado, diverte graças à sua verticalidade e também à customização das armas, que permite transformar sua metralhadora em uma rifle de precisão fatal ou em uma espingarda demolidora. E as diversas atividades opcionais, mesmo repetitivas, acabam funcionando porque são sobre você planar, pular e desviar de empecilhos, e como voar, planar e pular nesse jogo é extremamente satisfatório.


A customização de armas é um dos destaques positivos em Outcast: A New Beginning. O jogo oferece uma boa variedade de opções para personalizar suas armas:


- Módulos: Você pode equipar diferentes módulos em suas armas, transformando-as de diversas maneiras. Por exemplo, você pode converter uma metralhadora em uma rifle de precisão fatal ou em uma espingarda demolidora, dependendo dos módulos que escolher.


- Tipos de Munição: Além dos módulos, você também pode escolher diferentes tipos de munição para suas armas. Isso inclui projéteis teleguiados que explodem no contato com inimigos, munição incendiária, perfurante e muito mais.


- Personalização Visual: Não é apenas a performance da arma que pode ser customizada, mas também seu visual. Você pode alterar a cor, texturas e até mesmo adicionar acessórios às suas armas, dando um toque pessoal.


Essa profundidade na customização de armas é um ponto muito positivo de Outcast: A New Beginning. Ela permite que você crie um setup de combate que se adapte ao seu estilo de jogo, explorando a verticalidade do mundo com armas que você mesmo montou.


Durante a minha jogatina, eu acabei desenvolvendo uma pistola pessoal favorita, equipada com módulos que a transformavam em uma arma de tiros teleguiados explosivos. Poder montar e personalizar minhas armas dessa forma foi algo muito satisfatório e que enriqueceu bastante a minha experiência com o combate do jogo.


a customização de armas em Outcast: A New Beginning oferece muitas opções criativas para os jogadores explorarem e encontrarem a melhor configuração para o seu estilo de jogo. É um sistema bem elaborado que complementa muito bem a liberdade de exploração do mundo.



"Além da customização de armas, existem outras formas de personalização no jogo?"


Sim, Outcast: A New Beginning oferece outras formas interessantes de personalização, além da customização de armas:


1. Habilidades:

   - Ao completar os objetivos de cada vila, você ganha uma nova habilidade para o personagem de Cutter Slade.

   - Essas habilidades desbloqueiam novos movimentos, como controlar criaturas gigantes e voar pelo planeta.

   - Você pode combinar e melhorar essas habilidades conforme sua progressão no jogo.


2. Trajes:

   - Cutter Slade pode usar diferentes trajes, cada um com seus próprios benefícios.

   - Alguns trajes oferecem melhorias na defesa, velocidade ou outros atributos.

   - Você pode trocar de traje de acordo com a situação ou preferência.


3. Recursos de Exploração:

   - Existem itens opcionais espalhados pelo mundo, como templos de essência que aumentam sua vida máxima.

   - Também há trilhas de Orym que te dão recursos para desbloquear mais funcionalidades da sua mochila a jato.

   - Explorar esses elementos opcionais te permite customizar ainda mais as habilidades de Cutter.


4. Veículos:

   - O jogo disponibiliza alguns veículos, como um planador que você desbloqueará cedo no jogo.

   - Esses veículos permitem explorar o mundo de novas maneiras, acessando áreas antes inacessíveis.

   - Cada veículo tem suas próprias características e usos específicos.


Então, além da profunda customização de armas, Outcast: A New Beginning oferece outras formas interessantes de personalização do seu personagem e da experiência de jogo. Isso inclui habilidades desbloqueadas, trajes com benefícios, itens opcionais e a utilização de diferentes veículos.


Essa versatilidade de personalização ajuda a reforçar a liberdade de exploração que é tão marcante no jogo, permitindo que os jogadores criem Cutter Slade da maneira que mais se adapta ao seu estilo de jogo.



Mundo Aberto e Não Linearidade em Outcast: A New Beginning


Um dos principais pilares de Outcast: A New Beginning é seu mundo aberto e a liberdade de exploração oferecida aos jogadores. O jogo se passa no planeta alienígena de Adelpha, um ambiente repleto de diversidade e riqueza cultural que convida o jogador a aventurar-se por suas vastas e exuberantes regiões.


Logo após o tutorial inicial, o jogo apresenta uma característica fundamental: a não linearidade. Ao invés de simplesmente direcionar o jogador para um objetivo central, Outcast: A New Beginning permite que Cutter Slade, o protagonista, seja conduzido livremente pelo mundo de Adelpha, decidindo por onde começar a resolver os problemas que afligem seus habitantes.


Essa liberdade de escolha fica evidente nos dois principais objetivos do jogo: conseguir 10 containers de helidium branco, um recurso essencial para proteger a capital dos Talans, a raça de alienígenas local; e coletar um Daromon de cada uma das 6 vilas principais espalhadas pelo planeta, algo que representa a união dessas comunidades em um evento especial. Essas tarefas não são apresentadas de forma linear, mas sim interconectadas, com a progressão em uma vila desbloqueando novos caminhos e possibilidades em outras.


Ao chegar em uma vila, o jogador se depara com uma variedade de objetivos que precisam ser cumpridos para ajudar aquela comunidade a se recuperar dos problemas que a afligem. Desde produzir uma bebida local chamada Lampé até resolver profecias que facilitarão a colheita de frutas Morags, cada vila apresenta seus próprios desafios culturais e comerciais que o jogador precisa desvendar.


Essa interconectividade entre as diferentes vilas é um dos aspectos mais impressionantes de Outcast: A New Beginning. À medida que o jogador vai resolvendo os problemas de cada comunidade, ele pode ver as mudanças e melhorias refletidas no mundo de forma tangível. Novos ventilopes sendo usados para regar plantações, a distribuição da bebida Lampé sendo restabelecida, a mineração voltando a funcionar - tudo isso contribui para a sensação de um mundo vivo e reativo às ações do jogador.


Essa abordagem não linear também se estende aos métodos de resolução dos objetivos. Muitas vezes, o jogador precisa utilizar sua criatividade e combinar diferentes elementos do mundo para encontrar soluções. Por exemplo, para ajudar na colheita de frutas Morags em uma vila, pode ser necessário primeiro resgatar um domador de criaturas em outra localidade, de modo a obter os ventilopes necessários para essa tarefa.


Essa liberdade de exploração e a maneira como o mundo de Adelpha está interconectado são, sem dúvida, os pontos fortes mais marcantes de Outcast: A New Beginning. O jogo convida o jogador a se aventurar por esse ambiente alienígena único, descobrindo suas nuances culturais e comerciais, e presenciando as consequências de suas ações em todo o planeta. É uma experiência imersiva e repleta de possibilidades que cativa o jogador desde o início.



Aspectos Técnicos e Desafios de Outcast: A New Beginning


Embora Outcast: A New Beginning apresente um mundo aberto ambicioso e uma proposta de jogabilidade interessante, o jogo também enfrenta diversos desafios técnicos que acabam prejudicando a experiência geral.


Um dos problemas mais evidentes são as constantes quedas de quadros (frame rate) durante a jogatina, mesmo após a aplicação de patches. Essa instabilidade técnica se manifesta tanto durante as sequências de cutscenes quanto durante a exploração e combate no mundo aberto. Isso acaba por comprometer a fluidez da experiência, especialmente em momentos mais intensos de ação.


Além das quedas de frame, Outcast: A New Beginning também sofre com uma série de bugs, que vão desde ocorrências estranhas nos cenários até problemas mais graves que podem causar crashes para o menu do Xbox ou fazer com que o jogador precise reiniciar missões inteiras.


Essa inconsistência técnica afeta diversos aspectos do jogo. As cutscenes e a atuação de voz, por exemplo, não conseguem convencer em muitos dos momentos mais importantes da narrativa. A qualidade da escrita, que já é medíocre, fica ainda mais prejudicada por essas falhas de apresentação.


O próprio combate, que possui uma mecânica interessante com sua verticalidade e personalização de armas, também acaba sendo afetado pelos problemas técnicos. As reações dos inimigos aos ataques do jogador são muitas vezes truncadas, e as lutas contra os chefes, apesar de visualmente impressionantes, tendem a se tornar maçantes devido às grandes barras de vida que eles possuem.


Essa inconsistência técnica se acentua ainda mais no terço final do jogo, quando a experiência passa a se concentrar mais em confrontos e combates. Nessa etapa, a falta de refinamento nos sistemas de combate e a persistência dos bugs se tornam ainda mais evidentes, prejudicando seriamente a progressão do jogador.


É importante ressaltar que esses problemas técnicos não anulam os aspectos positivos de Outcast: A New Beginning. O mundo aberto de Adelpha, a interconectividade entre as vilas e a diversidade de personalização ainda são pontos fortes que cativam o jogador. No entanto, essa inconsistência técnica acaba ofuscando, em certa medida, a experiência geral.


Infelizmente, os desenvolvedores não conseguiram polir todos os elementos de Outcast: A New Beginning a ponto de entregar uma experiência totalmente fluida e consistente. Essa falha técnica, embora não impeça que o jogo seja apreciado, certamente prejudica o seu potencial de se tornar um clássico moderno da franquia.


Narrativa e Ambientação em Outcast: A New Beginning


Além da sua estrutura de mundo aberto e liberdade de exploração, outro aspecto fundamental de Outcast: A New Beginning é sua narrativa e ambientação única. O jogo se passa no planeta alienígena de Adelpha, oferecendo aos jogadores uma experiência imersiva em um cenário extraterrestre.


A história de Outcast: A New Beginning é uma continuação direta do primeiro jogo da série, trazendo de volta o protagonista Cutter Slade. Vinte anos após os eventos do título original, Cutter é ressuscitado pelos deuses de Adelpha e se vê novamente no planeta, que agora está sendo escravizado por um exército de robôs liderados por invasores humanos.


Essa premissa de conflito entre os habitantes nativos de Adelpha, os Talans, e os humanos invasores serve como o principal motor narrativo do jogo. Ao longo da sua aventura, o jogador testemunha os esforços de Cutter para libertar o mundo dos Talans do domínio humano e restaurar a paz.


No entanto, a qualidade da escrita e da atuação de voz nem sempre convence. A narrativa, apesar de se propor a explorar um conflito alienígena, acaba recorrendo a conclusões relativamente clichês e previsíveis. Algumas sequências de cutscenes e diálogos, especialmente nos momentos mais importantes, falham em transmitir a emoção e o impacto desejados.


Onde Outcast: A New Beginning realmente brilha é em sua ambientação extraordinária. O mundo de Adelpha é extremamente bem construído, com uma diversidade visual e cultural impressionante. Cada uma das seis vilas principais que o jogador visita possui sua própria identidade, refletindo os modos de vida e as peculiaridades dos Talans que ali habitam.


Desde os picos nevados de Dasan, a vila dos mineradores, até a exuberância tropical de Emea, lar dos coletores de frutas Morags, Adelpha é um planeta vivo e repleto de detalhes. A sensação de estar explorando um mundo alienígena autêntico é constantemente reforçada pelos diferentes ecossistemas, arquiteturas e criaturas que o jogador pode descobrir.


Essa ambientação única, aliada à não linearidade do mundo aberto, acaba compensando, em certa medida, as deficiências da narrativa. À medida que o jogador se aprofunda na jornada de Cutter Slade, ele se torna cada vez mais imerso na cultura e na história desse planeta estrangeiro.


Embora a escrita e a atuação de voz nem sempre estejam à altura das expectativas, Outcast: A New Beginning consegue cativar os jogadores por meio de sua ambientação extraordinária e da oportunidade de explorar esse mundo alienígena tão rico e detalhado. É um cenário que convida o jogador a se perder em sua vastidão e mistérios.


Pontos Fortes e Fracos Gerais de Outcast: A New Beginning


Outcast: A New Beginning é um jogo que busca alçar voos muito altos, reunindo elementos ambiciosos em sua proposta de mundo aberto e liberdade de exploração. Embora nem sempre consiga entregar uma experiência totalmente polida, o jogo consegue conquistar o jogador por meio de seus pontos fortes.


Um dos grandes destaques de Outcast: A New Beginning é sua estrutura não linear e a maneira como o mundo de Adelpha está interconectado. Ao invés de simplesmente direcionar o jogador para um objetivo central, o jogo o deixa livre para decidir por onde começar a resolver os problemas que afligem as diferentes vilas do planeta.


Essa abordagem não linear fica evidente nos dois principais objetivos do jogo: coletar 10 containers de helidium branco e obter um Daromon de cada uma das seis vilas principais. Essas tarefas estão intimamente relacionadas, com a progressão em uma localidade desbloqueando novos caminhos e possibilidades em outras.


Essa interconectividade entre as vilas faz com que a experiência de progredir no jogo seja extremamente fluida. À medida que o jogador resolve os problemas de cada comunidade, ele pode ver as mudanças e melhorias refletidas no mundo de forma tangível, o que contribui para a sensação de estar imerso em um ambiente vivo e reativo.


Outro ponto forte de Outcast: A New Beginning é seu sistema de customização de armas. O jogo oferece uma variedade de módulos que podem ser equipados nas armas, permitindo que o jogador as transforme de diversas maneiras. Essa profundidade na personalização, aliada à possibilidade de escolher diferentes tipos de munição, enriquece significativamente a experiência de combate.


Essa liberdade de exploração e a diversidade de opções de customização ajudam a compensar alguns dos problemas técnicos que o jogo enfrenta. As quedas de quadros constantes, os bugs e a falta de refinamento em certas áreas, como a atuação de voz e a qualidade da narrativa, prejudicam a experiência em diversos momentos.


Especialmente no terço final do jogo, quando o foco se volta mais para os confrontos, esses desafios técnicos ficam ainda mais evidentes, chegando a afetar a progressão do jogador. A inconsistência nos sistemas de combate, com inimigos que reagem de forma truncada, e as lutas de chefe mal elaboradas acabam por atrapalhar a diversão.


Apesar desses problemas técnicos, Outcast: A New Beginning ainda consegue cativar o jogador por meio de seu charme e do coração que a equipe de desenvolvimento colocou no projeto. A ambientação única de Adelpha, a personalidade dos personagens excêntricos e a sensação de liberdade proporcionada pela jogabilidade formam um conjunto que, mesmo com tropeços, consegue conquistar.


Outcast: A New Beginning é um jogo que claramente mira alto, buscando criar um mundo aberto próprio, vibrante e diferenciado. Embora nem sempre consiga atingir seu potencial máximo devido a desafios técnicos, sua ambição e os momentos de diversão que ele proporciona conquistam o jogador que aprecia esse tipo de experiência livre e desafiadora.


Outcast: A New Beginning é um jogo que claramente mira alto, com sua ambição de criar um mundo aberto próprio, vibrante e diferenciado. Ele tropeça em diversos aspectos técnicos, mas seu charme e coração conquistam. É uma aventura desengonçada, mas absolutamente divertida para quem aprecia jogos com essa liberdade de exploração.

Danilo Medeiros
Recém formado em R.H e Administrador da Overcentral Instagram: @danilopablolima
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