Ubisoft | Com Marketing Sem fundamento, Decepciona os poucos que Ainda tem Esperança na Empresa

Danilo Medeiros



Tudo começou em maio deste ano, quando a Ubisoft realizou sua reunião anual com investidores e acionistas para falar sobre os planos e lançamentos futuros da empresa. Durante sua apresentação, o CEO Yves Guillemot surpreendeu a todos ao se referir a Skull & Bones, um aguardado game de piratas que já estava em desenvolvimento há mais de 5 anos, como um "jogo quadruple A".


As reações não se fizeram esperar. Muitos estranharam o termo inédito e questionaram se a Ubisoft estaria criando uma nova categoria apenas para promover aquele lançamento. Isso porque Skull & Bones já vinha acumulando atrasos e problemas internos, não parecendo ter a grandiosidade e qualidade de um "jogo quadruple A". Além disso, nenhum outro estúdio jamais utilizou tal classificação antes.


Nos meses seguintes, mais detalhes sobre o desenvolvimento conturbado de Skull & Bones vieram à tona, reforçando as dúvidas em torno da nova categoria criada pela Ubisoft. Reportagens apontaram que o jogo já havia passado por mais de 20 reinícios em seu processo, com mudanças constantes de direção e foco. Isso sem falar nos rumores de problemas internos e falta de liderança clara no projeto, o que poderia comprometer a qualidade final. Seria este o padrão de um "jogo quadruple A"? Os fãs certamente começaram a desconfiar das intenções por trás desta classificação


Após a polêmica classificação de Skull & Bones, muitos se perguntaram quais seriam os reais motivos que levariam a Ubisoft a criar o questionável termo "quadruple A". Será que se tratava apenas de marketing ou havia algo por trás? Para entender melhor, vale analisar alguns fatos importantes:


Em primeiro lugar, jogos que realmente são considerados obras-primas da indústria, como Red Dead Redemption 2 e The Last of Us, nunca receberam qualquer rotulação além de "triple A". Isso porque esses estúdios focam em entregar experiências primorosas, não termos promocionais. Além disso, seus orçamentos bilionários são plenamente justificados pela qualidade. Já a Ubisoft tentava elevar falsas expectativas com um jogo problemático como Skull & Bones.


Em segundo lugar, descobriu-se que o próprio Far Cry 6, lançado poucos meses antes, também havia sido classificado internamente como "quadruple A" pela empresa. No entanto, assim como Skull & Bones, este game também foi criticado por não inovar e entregar uma jogabilidade já vista em lançamentos passados, mesmo com um grande investimento.


Por fim, analisando os números, ficou evidenciado que nenhum desses jogos da Ubisoft alcançou as metas de vendas e jogadores previstos. Logo, a qualidade e popularidade não condiziam com a pomposa classificação "quadruple A" recebida.


Será que a intenção era simplesmente ludibriar investidores e público com marketing? Precisamos ir além dos termos e observar o conteúdo de fato.

Quando comparamos os lançamentos da Ubisoft com os de estúdios renomados, fica claro que a diferença está na entrega. Rockstar Games, por exemplo, vem consolidando sua reputação há anos apenas com o foco em criar mundos vivos e histórias cativantes. Seu mais recente sucesso, Red Dead Redemption 2, custou mais de 700 milhões de dólares para ser produzido, porém justificou cada centavo com gráficos hiper-realistas e uma narrativa impactante.


Outro caso é a CD Projekt Red, que elevou os padrões da indústria com The Witcher 3 e seu universo detalhado. Mesmo com problemas no lançamento, Cyberpunk 2077 também mostrou um nível de produção e qualidade nunca antes visto. Ambos os estúdios nunca precisaram rotular seus jogos, pois as obras falam por si só. Já a Ubisoft tenta suprir a falta de inovações com marketing questionável.


Além disso, é interessante observar como a Rockstar consegue manter viva a expectativa pelo próximo GTA apenas com trailers e vazamentos de seus visuais impressionantes. Isso mostra que quando se entrega real qualidade, não há necessidade de termos promocionais. Os fãs naturalmente ficam ansiosos e os números se confirmam. Diferente disso, a Ubisoft tenta elevar falsas expectativas que não se cumprem no final.

GTA 6 é o exemplo perfeito da força que a qualidade pode ter, sem a necessidade de marketing pomposo. Ainda sem data de lançamento definida, o novo game da Rockstar já é um dos mais aguardados do mundo graças aos seus visuais hiper-realistas divulgados. As imagens vazadas mostram um nível detalhe nunca antes visto, com pessoas, veículos e cidades modeladas com tal fidelidade que parecem reais. Isso prova que quando a produção é excelente, os trailers e vazamentos por si só já geram grande repercussão.


Além disso, GTA 5 continua sendo um sucesso de vendas recorde após quase 10 anos, o que eleva ainda mais as expectativas pelo 6. Diferente disso, os jogos da Ubisoft caem rapidamente no esquecimento depois de lançados. Isso porque a Rockstar sempre inova mecanismos e amplia ainda mais os já vastos e vivos mundos a cada game. Já a Ubisoft repete fórmulas, mesmo com orçamentos elevados.


Por fim, é interessante notar que a própria Rockstar nunca sentiu necessidade de criar termos promocionais como "quadruple A". A confiança no trabalho e o histórico de entrega falam mais alto. Portanto, quando a qualidade é real, ela se vende por si só. Marketing vazio como o da Ubisoft acaba por criar desconfiança, ao invés de gerar ainda mais hype.

Infelizmente, a história recente mostra que a Ubisoft vem tendo dificuldades em entregar experiências à altura dos orçamentos elevados e das próprias promessas. Skull & Bones, por exemplo, foi anunciado em 2017 como um game revolucionário, mas acabou sendo lançado em 2022 como um título genérico, repetitivo e cheio de bugs. Seu mundo sem graça e gameplay raso decepcionaram os fãs que esperavam tanto.


Outro caso foi Far Cry 6. Mesmo com uma proposta ambiciosa de recriar toda a ilha de Yara, os jogadores reclamaram da falta de inovações na jogabilidade, que seguia praticamente idêntica aos títulos anteriores da franquia. Fora isso, a história e os personagens também foram considerados menos inspirados em relação aos games anteriores.


Já overhyped Watch Dogs Legion teve problemas sérios de desempenho em seu lançamento e também foi criticado por não evoluir mecanismos. Seu conceito de poder controlar qualquer pessoa na cidade acabou se mostrando vazio e repetitivo.


Portanto, fica claro que a Ubisoft precisa focar em entregas concretas, não marketing. Rotular jogos com termos pomposos não substitui a necessidade de inovações reais a cada lançamento para manter o público interessado. Qualidade, e não promessas vazias, é o que fará a diferença no longo prazo.

Os fãs de games são cada vez mais experientes e não se deixam enganar por marketing exagerado. Após anos acompanhando a indústria, eles aprenderam a identificar quando um jogo promete mais do que entrega. Hoje em dia, com abundância de informações e análises na internet, é muito difícil esconder a falta de qualidade por trás de termos pomposos.


Além disso, os jogadores já estão acostumados a obras primas que realmente inovam a cada geração, como God of War Ragnarok e Elden Ring. Portanto, quando um estúdio como a Ubisoft lança títulos repetitivos e sem graça, rotulando-os falsamente, a reação negativa é imediata. Ninguém quer ser enganado ou ter seu dinheiro gasto em experiências medianas.


Por fim, as novas gerações de gamers cresceram em meio a universos gigantescos e cheios de detalhes nos games. Logo, é natural que esperem sempre mais, principalmente de empresas bilionárias. Qualidade é sinônimo de mundos vivos, histórias cativantes, gráficos impressionantes e mecânicas que evoluem a cada lançamento. Marketing vazio não substitui tais elementos, e a Ubisoft precisa entender isso para reconquistar sua credibilidade perante os players.

Após tantos lançamentos abaixo do esperado, fica claro que a Ubisoft precisa de mudanças reais para reconquistar a confiança dos fãs. Em primeiro lugar, é necessário investir pesado em inovações tecnológicas e de game design. Para competir com obras primas atuais, é fundamental que jogos como o novo Assassin's Creed entreguem gráficos hiper-realistas e mundos mais vivos do que nunca.


Além disso, franquias como Far Cry precisam evoluir suas mecânicas de forma revolucionária, ao invés de repeti-las. Por que não testar um novo gênero ou perspectiva para surpreender, como um game de terror ou sobrevivência? Também é essencial que os enredos e personagens proporcionem experiências memoráveis capazes de emocionar o jogador.


Por fim, a Ubisoft deve valorizar mais o feedback dos fãs e testar seus projetos com antecedência, em vez de lançar jogos problemáticos cheios de bugs. Com paciência e escuta ativa do público, é possível construir obras primas capazes de marcar época. Mais do que marketing, a Ubisoft precisa entregar qualidade constante em seus lançamentos para reconquistar a admiração que já teve. Tenho certeza de que é possível se houver vontade de inovar de verdade.

Danilo Medeiros
Recém formado em R.H e Administrador da Overcentral Instagram: @danilopablolima
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