Warner bros não aprende com erros, Abandonando Novamente franquias Triple A podendo Focar em Dispositivos Mobile

Danilo Medeiros


A Warner Bros detém os direitos de algumas das franquias mais amadas no mundo dos games e do entretenimento. Harry Potter é um universo mágico que encanta gerações desde os livros e já mostrou seu potencial também nos videogames, com o enorme sucesso de Hogwarts Legacy. Os fãs sonham em retornar à Escola de Magia e Bruxaria para novas aventuras. 


Outra marca gigante é a DC Comics. Superman, Batman, Mulher Maravilha e toda a Liga da Justiça pedem por jogos que explorem seus poderes e histórias de forma épica. Imagino um game open world em Gotham City ou Metropolis que nos faça viver na pele dos super-heróis. Até mesmo franquias menos exploradas, como Lanterna Verde ou Arqueiro Vermelho, poderiam ganhar jogos memoráveis se desenvolvidos com carinho e qualidade.


Por fim, quem não gostaria de embarcar em uma jornada pelo mundo de Senhor dos Anéis? Calabouços profundos, batalhas épicas contra orcs e encontros com Gandalf são apenas alguns dos elementos que um RPG baseado na saga traria de forma imersiva. E que tal revisitar a Terra-média em um MMO massivo? A decisão da Warner de abandonar os games AAA é desperdiçar o enorme potencial que essas marcas têm para nos entregar experiências inesquecíveis. Cabe agora aos fãs mostrar que não aceitarão qualquer coisa menos que jogos à altura desses universos fantásticos.



Hogwarts Legacy foi um verdadeiro fenômeno em 2023. O jogo vendeu mais de 20 milhões de cópias em todo o mundo, se tornando o game mais lucrativo da Warner Bros naquele ano. E o sucesso não veio à toa - tratava-se de uma experiência single-player imersiva e cuidadosamente detalhada que transportava os jogadores de volta para dentro dos muros de Hogwarts. 


A trama original nos colocava no papel de um novo aluno descobrindo seus poderes mágicos enquanto desvendava mistérios na escola. As mecânicas de magia, poções e duelos funcionavam perfeitamente. Fora dos portões do castelo, regiões mágicas como Hogsmeade aguardavam para serem exploradas. Em suma, a Avalanche Software provou que sabe desenvolver jogos do universo Harry Potter com maestria.


Diante de tamanho sucesso, era de se esperar que a Warner Bros encomendasse no mínimo uma sequência direta para manter os fãs felizes e explorar ainda mais da amada franquia. Imagino que uma continuação seguindo o mesmo personagem do primeiro jogo em seu segundo ou terceiro ano em Hogwarts seria recebida com euforia. 


Ao invés disso, a empresa prefere virar as costas para o que deu tão certo. É uma atitude incompreensível, que ignora o potencial que Hogwarts Legacy ainda tem para entregar horas e horas de diversão mágica aos jogadores. Uma pena ver tamanho sucesso ser desperdiçado dessa forma.



Apostar em jogos mobile free-to-play como principal modelo de negócios da Warner Bros é uma ideia questionável. Diferente dos grandes games para consoles e PC, experiências mobile raramente oferecem narrativas complexas ou mecânicas profundas devido às limitações técnicas. 


Além disso, é comum que esses jogos sejam projetados desde o início para extrair o máximo de dinheiro dos jogadores via compras internas. Isso significa que são cheios de itens, vidas e moedas virtuais bloqueados atrás de pagamentos. Esse tipo de monetização agressiva costuma afastar os fãs mais fiéis das franquias.


Ainda, é improvável que os games mobile consigam replicar o enorme sucesso e reconhecimento de títulos como Hogwarts Legacy. A experiência na tela grande de uma TV ou monitor simplesmente não pode ser substituída pelo smartphone. Os fãs querem ver seus universos preferidos sendo explorados da melhor forma possível.


Portanto, apostar apenas nesse formato significa privar jogadores de viver aventuras épicas nas franquias da Warner Bros. Em vez de experiências memoráveis, provavelmente receberemos produções rasas desenhadas para sugar cada centavo dos bolsos dos consumidores. Uma visão de negócios muito curta para marcas tão poderosas.


O mais recente fracasso da Warner Bros foi justamente o game Suicide Squad: Kill the Justice League. Desenvolvido pelo estúdio Rocksteady, responsável por jogos aclamados como a trilogia Arkham, o game adotou um modelo completamente diferente, de live-service online. 


O resultado foi desastroso. Em vez da narrativa cativante e combates fluídos que marcaram os Arkham, recebemos uma história confusa e gameplay repetitivo. Além disso, o jogo foi lançado cheio de bugs e problemas técnicos. Os fãs ficaram extremamente decepcionados com a mudança brusca de rumo.


Ao invés de reconhecer os próprios erros de concepção de Suicide Squad, a Warner está repetindo as mesmas falhas. Continua apostando em jogos online mesmo após a recepção negativa, ao invés de voltar aos modelos que fizeram sucesso antes. 


Isso mostra que a empresa simplesmente não aprendeu lições. Em vez de escutar os fãs, toma decisões baseadas em conceitos teóricos e abstrações sobre o mercado, sem levar em conta a opinião dos reais consumidores das franquias. 


Se a Warner continuasse a trilhar o caminho do sucesso, com jogos single-player repletos de história e qualidade, teria evitado fracassos caros como Suicide Squad. Ao ignorar suas próprias lições, está fadada a repetir os mesmos erros uma e outra vez.


Essa mudança radical de estratégia da Warner Bros Games trará consequências negativas para muitos grupos diferentes. Os estúdios internos, que tanto se esforçam para entregar ótimas experiências, agora verão seus projetos potencialmente cancelados ou redirecionados para modelos menos ambiciosos. 


Isso pode levar a uma fuga de talentos, com profissionais altamente qualificados buscando oportunidades em outros estúdios onde possam dar vazão ao seu potencial criativo. As franquias, por sua vez, deixarão de ganhar games que realmente explorem suas narrativas e personagens como se deve.


Os fãs, claro, serão os mais prejudicados. Em vez de grandes aventuras em universos como Harry Potter ou DC, provavelmente receberemos joguinhos rasos e cheios de microtransações. Experiências que prometiam ser inesquecíveis agora estão ameaçadas.


Por fim, a Warner está se privando de um enorme potencial financeiro. Jogos AAA costumam render bilhões quando bem-sucedidos.

Danilo Medeiros
Recém formado em R.H e Administrador da Overcentral Instagram: @danilopablolima
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