O tão aguardado Oblivion Remaster finalmente chegou como um shadow drop surpresa, disponível no Game Pass e para PC. Mas será que ele vale a pena? Neste artigo, vamos explorar minhas primeiras impressões sobre o jogo, destacando as principais mudanças — especialmente no polêmico sistema de level — e analisando se o remaster justifica uma nova jogatina (ou a primeira experiência) no mundo de Cyrodiil.
Vamos falar sobre gráficos, loadings, mecânicas de progressão e até a otimização do jogo. Se você está em dúvida sobre embarcar nessa aventura ou não, continue lendo para descobrir se o Oblivion Remaster entrega o suficiente para reviver a magia do clássico da Bethesda.
A primeira impressão que o Oblivion Remaster passa é a de um trabalho cuidadoso na modernização visual, mas conservador demais em suas bases estruturais. A iluminação, por exemplo, é um dos pontos mais impactantes: raios de sol que atravessam janelas e projetam sombras dinâmicas dão vida a ambientes que antes pareciam estáticos e artificiais. No entanto, essa beleza gráfica esbarra em problemas antigos, como expressões faciais ainda robóticas e animações que, apesar de mais fluidas, mantêm a rigidez característica de 2006. A Bethesda optou por um remaster que respeita fielmente a identidade original, mas essa escolha significa conviver com sistemas que já nasceram datados — e que agora parecem ainda mais anacrônicos diante de RPGs contemporâneos.
Um dos aspectos mais criticados no Oblivion original era o sistema de leveling, que punia jogadores por progredirem "de forma errada". O remaster tenta corrigir isso substituindo a mecânica de bônus por atribuição manual de pontos a cada avanço de nível. Agora, em vez de precisar calcular combinações específicas de habilidades para maximizar ganhos, o jogador simplesmente distribui pontos livremente com um limite de +5 por atributo (exceto Sorte). A mudança é bem-vinda, pois elimina a frustração de builds arruinadas por falta de conhecimento prévio, mas também simplifica excessivamente a progressão, removendo parte da profundidade estratégica que alguns fãs apreciavam.
A escalada de inimigos, porém, segue um mistério: será que a rebalanceamento tornou o jogo mais justo ou repetiu os erros do passado, com criaturas se tornando esponjas de dano em níveis altos? Testes mais aprofundados são necessários, mas a primeira impressão é que a Bethesda priorizou acessibilidade em detrimento do desafio técnico.
Os loadings, no entanto, são onde o remaster mais decepciona. A insistência em manter telas de carregamento para entrar em casas, subir escadas ou acessar porões é incompreensível em 2025 — especialmente quando jogos como Skyrim já haviam resolvido esse problema anos atrás. A justificativa técnica pode estar na preservação da estrutura original, mas a decisão parece preguiçosa em um projeto que custa o preço de um jogo novo. Em um mundo onde Demon’s Souls (2020) reconstruiu até os menores detalhes sem sacrificar fluidez, a persistência desse defeito em Oblivion soa como um oportunismo disfarçado de "fidelidade ao clássico".

A otimização também é irregular. Em hardware robusto (como uma RTX 4070), o jogo mantém 60 FPS na maior parte do tempo, mas sofre com stutters perceptíveis em áreas abertas — um sinal claro de que o streaming de assets não foi tão polido quanto deveria. Em consoles, relatos de quedas de frame rate no Performance Mode sugerem que a Bethesda não priorizou ajustes finos, talvez assumindo que a nostalgia blindaria o jogo de críticas. E, de fato, há um charme inegável em revisitar Cyrodiil com texturas em 4K e efeitos de luz modernos, mas será isso suficiente para justificar um remaster que ignora tantas deficiências fundamentais?
O verdadeiro teste para qualquer remaster reside em sua capacidade de equilibrar o respeito ao material original com as expectativas modernas – e é aqui que o Oblivion Remaster revela suas fissuras mais profundas. A decisão de manter intacta a estrutura central do jogo, desde os sistemas de progressão até a arquitetura dos espaços, cria uma experiência que oscila constantemente entre o encantamento e a frustração. Enquanto os novos efeitos de iluminação transformam cavernas úmidas em cenários dignos de pinturas renascentistas, com raios de luz filtrando-se através de fendas nas rochas, a inteligência artificial dos NPCs continua presa em 2006, com diálogos quebrados e rotinas de comportamento que frequentemente quebram a imersão. É como assistir a uma peça de Shakespeare encenada com figurinos deslumbrantes, mas atores lendo o texto diretamente do roteiro – há beleza na superfície, mas a alma do trabalho parece desconectada de sua apresentação.
O sistema de combate, embora visivelmente polido em suas animações, ainda carrega o DNA desajeitado do original. A adição de movimentos mais fluidos, como esquivas e golpes encadeados, esbarra na falta de impacto físico nas armas e na ausência de um sistema de stamina que dê peso às decisões táticas. Batalhas contra múltiplos inimigos frequentemente degeneram em círculos de ataque e recuo, repetindo os mesmos padrões que já eram antiquados na era PS3. Curiosamente, essa falta de ambição na reformulação do combate contrasta com as mudanças mais ousadas na progressão de nível – um paradoxo que revela a natureza desigual deste remaster. Enquanto algumas mecânicas receberam reformulações significativas, outras foram simplesmente envernizadas, criando uma desconexão palpável entre os diferentes sistemas do jogo.
A questão dos loadings persistentes merece uma análise mais profunda, pois simboliza a filosofia problemática por trás deste projeto. Em uma era onde títulos como Ratchet & Clank: Rift Apart demonstram o potencial do carregamento instantâneo, a insistência em manter telas de transição para espaços minúsculos parece menos uma escolha técnica e mais uma admissão de falta de investimento. O que poderia ter sido uma oportunidade para redesenhar a estrutura do jogo – integrando interiores ao mundo aberto, eliminando zonas de carregamento desnecessárias – foi ignorado em favor de uma abordagem que prioriza a fidelidade superficial sobre a experiência do jogador moderno. Essa decisão é particularmente frustrante quando se considera que muitos modders já haviam resolvido parcialmente esses problemas anos atrás, provando que soluções criativas eram possíveis sem comprometer a essência do jogo.

A apresentação visual, embora impressionante em momentos isolados, sofre de inconsistências gritantes. Enquanto paisagens distantes ganham profundidade com sistemas de iluminação global e neblina volumétrica, texturas de objetos secundários frequentemente revelam resoluções surpreendentemente baixas quando examinadas de perto. A remasterização dos modelos de personagens é outro ponto controverso – embora rostos humanos estejam visivelmente mais detalhados, criaturas como goblins e daedra parecem ter recebido menos atenção, resultando em um desequilíbrio estético que quebra a coesão visual. Essa abordagem seletiva na melhoria gráfica levanta questões sobre os critérios usados pela equipe de desenvolvimento: até que ponto essas escolhas foram guiadas por limitações técnicas, e até que ponto representam decisões artísticas discutíveis?
A trilha sonora, felizmente, emerge como um dos aspectos mais bem tratados desta versão. As composições icônicas de Jeremy Soule ganham nova vida com uma orquestração mais rica e dinâmica, adaptando-se organicamente às diferentes regiões de Cyrodiil. Os temas de batalha, em particular, beneficiam-se enormemente da maior profundidade instrumental, com graves mais pronunciados que acrescentam peso aos encontros com inimigos. No entanto, até mesmo essa vitória é parcial – os efeitos sonoros ambientais, como o ruído de passos em diferentes superfícies ou o impacto de armas, permanecem notavelmente planos e repetitivos, perdendo a oportunidade de criar uma camada adicional de imersão através do design de som.
Enquanto muitos aspectos técnicos de Oblivion mostram sua idade, o design das quests e a narrativa permanecem como testemunhos do que a Bethesda fazia de melhor em sua era dourada. Ao revisitar as missões secundárias, fica evidente que muitos dos arcos narrativos do jogo continuam superando em criatividade e profundidade a maioria dos RPGs atuais. A famosa série de quests da Guilda dos Ladrões, por exemplo, constrói uma progressão magistral - começando com pequenos furtos quase insignificantes e evoluindo para golpes elaborados que testam verdadeiramente a compreensão do jogador sobre mecânicas de furtividade e exploração ambiental. Essa abordagem gradual e respeitosa com a inteligência do jogador contrasta fortemente com os sistemas de handholding que se tornaram padrão na indústria moderna.
As quests da Guilda dos Magos revelam outro aspecto fascinante: a coragem de exigir verdadeiro domínio das mecânicas do jogo. Diferente de muitos RPGs contemporâneos onde magia se torna apenas outro tipo de dano, Oblivion insiste que para ascender na hierarquia mágica, o jogador deve realmente entender e utilizar o sistema de feitiços personalizados - uma exigência que cria uma satisfação genuína ao ser cumprida. Essa filosofia de design, onde progressão narrativa está intrinsecamente ligada ao domínio das mecânicas, parece ter sido perdida em muitos jogos posteriores da própria Bethesda.

Curiosamente, o remaster também revela como algumas quests que pareciam inovadoras em 2006 agora mostram suas limitações. A famosa "Whodunit?" da Irmandade Sombria, enquanto ainda brilhante em seu conceito, sofre com a IA limitada dos NPCs - um problema que o remaster não conseguiu resolver. A promessa de um verdadeiro mistério de assassinato onde cada personagem reage dinamicamente às suas ações acaba comprometida quando os NPCs voltam a rotinas pré-programadas momentos depois de testemunharem um crime violento.
A estrutura principal da história, no entanto, envelheceu menos graciosamente. A natureza episódica da trama principal - onde o jogador salva o mundo entre uma pausa para completar quests secundárias - parece particularmente artificial quando contrastada com narrativas mais orgânicas de RPGs modernos. O remaster perdeu a oportunidade de reestruturar essa progressão, talvez integrando melhor os eventos principais com as atividades do mundo aberto ou adicionando consequências mais tangíveis para o avanço da Crise Oblivion.
A localização e dublagem também revelam as contradições deste remaster. Enquanto o trabalho de voz principal mantém seu charme peculiar - com Sean Bean dando vida a Martin Septim de forma memorável - a repetição extrema de vozes para NPCs secundários quebra a imersão de forma mais evidente do que nunca. Em uma era onde jogos como The Witcher 3 ou Baldur's Gate 3 estabeleceram novos padrões para diversidade de dublagem, a decisão de não regravar ou expandir este aspecto parece particularmente míope.
O que verdadeiramente surpreende, contudo, é como muitas das escolhas narrativas mais ousadas de Oblivion permanecem frescas e impactantes. A conclusão da história principal, com seu sacrifício inevitável e tom melancólico, ainda se destaca como uma das melhores sequências finais em RPGs ocidentais - uma prova de que a Bethesda já foi capaz de equilibrar escala épica com intimidade emocional de forma magistral.
Quando confrontado com a pergunta central – "Este remaster justifica uma nova visita a Cyrodiil?" – a resposta torna-se inevitavelmente subjetiva. Para os fãs devotos que desejam reviver suas memórias com um revestimento gráfico contemporâneo, o pacote oferece exatamente o que promete. No entanto, para jogadores acostumados aos padrões modernos de design de RPGs, Oblivion Remaster pode parecer um exercício de nostalgia mal executado, onde o potencial de uma verdadeira reinvenção foi sacrificado em prol de um conservadorismo excessivo. O jogo permanece, em sua essência, um artefato de sua época – agora emoldurado em ouro, mas ainda preso às limitações de uma visão de game design que o tempo deixou para trás.
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Oblivion Remaster em 2025: analisamos todas as atualizações de gráficos, sistema de level e performance. Vale a pena jogar ou é só um visual renovado? Descubra agora! |
Vamos falar sobre gráficos, loadings, mecânicas de progressão e até a otimização do jogo. Se você está em dúvida sobre embarcar nessa aventura ou não, continue lendo para descobrir se o Oblivion Remaster entrega o suficiente para reviver a magia do clássico da Bethesda.
A primeira impressão que o Oblivion Remaster passa é a de um trabalho cuidadoso na modernização visual, mas conservador demais em suas bases estruturais. A iluminação, por exemplo, é um dos pontos mais impactantes: raios de sol que atravessam janelas e projetam sombras dinâmicas dão vida a ambientes que antes pareciam estáticos e artificiais. No entanto, essa beleza gráfica esbarra em problemas antigos, como expressões faciais ainda robóticas e animações que, apesar de mais fluidas, mantêm a rigidez característica de 2006. A Bethesda optou por um remaster que respeita fielmente a identidade original, mas essa escolha significa conviver com sistemas que já nasceram datados — e que agora parecem ainda mais anacrônicos diante de RPGs contemporâneos.
Um dos aspectos mais criticados no Oblivion original era o sistema de leveling, que punia jogadores por progredirem "de forma errada". O remaster tenta corrigir isso substituindo a mecânica de bônus por atribuição manual de pontos a cada avanço de nível. Agora, em vez de precisar calcular combinações específicas de habilidades para maximizar ganhos, o jogador simplesmente distribui pontos livremente com um limite de +5 por atributo (exceto Sorte). A mudança é bem-vinda, pois elimina a frustração de builds arruinadas por falta de conhecimento prévio, mas também simplifica excessivamente a progressão, removendo parte da profundidade estratégica que alguns fãs apreciavam.
A escalada de inimigos, porém, segue um mistério: será que a rebalanceamento tornou o jogo mais justo ou repetiu os erros do passado, com criaturas se tornando esponjas de dano em níveis altos? Testes mais aprofundados são necessários, mas a primeira impressão é que a Bethesda priorizou acessibilidade em detrimento do desafio técnico.
Os loadings, no entanto, são onde o remaster mais decepciona. A insistência em manter telas de carregamento para entrar em casas, subir escadas ou acessar porões é incompreensível em 2025 — especialmente quando jogos como Skyrim já haviam resolvido esse problema anos atrás. A justificativa técnica pode estar na preservação da estrutura original, mas a decisão parece preguiçosa em um projeto que custa o preço de um jogo novo. Em um mundo onde Demon’s Souls (2020) reconstruiu até os menores detalhes sem sacrificar fluidez, a persistência desse defeito em Oblivion soa como um oportunismo disfarçado de "fidelidade ao clássico".

A otimização também é irregular. Em hardware robusto (como uma RTX 4070), o jogo mantém 60 FPS na maior parte do tempo, mas sofre com stutters perceptíveis em áreas abertas — um sinal claro de que o streaming de assets não foi tão polido quanto deveria. Em consoles, relatos de quedas de frame rate no Performance Mode sugerem que a Bethesda não priorizou ajustes finos, talvez assumindo que a nostalgia blindaria o jogo de críticas. E, de fato, há um charme inegável em revisitar Cyrodiil com texturas em 4K e efeitos de luz modernos, mas será isso suficiente para justificar um remaster que ignora tantas deficiências fundamentais?
Oblivion Remaster: A Nostalgia consegue esconder as Oportunidades Perdidas ?
O verdadeiro teste para qualquer remaster reside em sua capacidade de equilibrar o respeito ao material original com as expectativas modernas – e é aqui que o Oblivion Remaster revela suas fissuras mais profundas. A decisão de manter intacta a estrutura central do jogo, desde os sistemas de progressão até a arquitetura dos espaços, cria uma experiência que oscila constantemente entre o encantamento e a frustração. Enquanto os novos efeitos de iluminação transformam cavernas úmidas em cenários dignos de pinturas renascentistas, com raios de luz filtrando-se através de fendas nas rochas, a inteligência artificial dos NPCs continua presa em 2006, com diálogos quebrados e rotinas de comportamento que frequentemente quebram a imersão. É como assistir a uma peça de Shakespeare encenada com figurinos deslumbrantes, mas atores lendo o texto diretamente do roteiro – há beleza na superfície, mas a alma do trabalho parece desconectada de sua apresentação.
O sistema de combate, embora visivelmente polido em suas animações, ainda carrega o DNA desajeitado do original. A adição de movimentos mais fluidos, como esquivas e golpes encadeados, esbarra na falta de impacto físico nas armas e na ausência de um sistema de stamina que dê peso às decisões táticas. Batalhas contra múltiplos inimigos frequentemente degeneram em círculos de ataque e recuo, repetindo os mesmos padrões que já eram antiquados na era PS3. Curiosamente, essa falta de ambição na reformulação do combate contrasta com as mudanças mais ousadas na progressão de nível – um paradoxo que revela a natureza desigual deste remaster. Enquanto algumas mecânicas receberam reformulações significativas, outras foram simplesmente envernizadas, criando uma desconexão palpável entre os diferentes sistemas do jogo.
A questão dos loadings persistentes merece uma análise mais profunda, pois simboliza a filosofia problemática por trás deste projeto. Em uma era onde títulos como Ratchet & Clank: Rift Apart demonstram o potencial do carregamento instantâneo, a insistência em manter telas de transição para espaços minúsculos parece menos uma escolha técnica e mais uma admissão de falta de investimento. O que poderia ter sido uma oportunidade para redesenhar a estrutura do jogo – integrando interiores ao mundo aberto, eliminando zonas de carregamento desnecessárias – foi ignorado em favor de uma abordagem que prioriza a fidelidade superficial sobre a experiência do jogador moderno. Essa decisão é particularmente frustrante quando se considera que muitos modders já haviam resolvido parcialmente esses problemas anos atrás, provando que soluções criativas eram possíveis sem comprometer a essência do jogo.

A apresentação visual, embora impressionante em momentos isolados, sofre de inconsistências gritantes. Enquanto paisagens distantes ganham profundidade com sistemas de iluminação global e neblina volumétrica, texturas de objetos secundários frequentemente revelam resoluções surpreendentemente baixas quando examinadas de perto. A remasterização dos modelos de personagens é outro ponto controverso – embora rostos humanos estejam visivelmente mais detalhados, criaturas como goblins e daedra parecem ter recebido menos atenção, resultando em um desequilíbrio estético que quebra a coesão visual. Essa abordagem seletiva na melhoria gráfica levanta questões sobre os critérios usados pela equipe de desenvolvimento: até que ponto essas escolhas foram guiadas por limitações técnicas, e até que ponto representam decisões artísticas discutíveis?
A trilha sonora, felizmente, emerge como um dos aspectos mais bem tratados desta versão. As composições icônicas de Jeremy Soule ganham nova vida com uma orquestração mais rica e dinâmica, adaptando-se organicamente às diferentes regiões de Cyrodiil. Os temas de batalha, em particular, beneficiam-se enormemente da maior profundidade instrumental, com graves mais pronunciados que acrescentam peso aos encontros com inimigos. No entanto, até mesmo essa vitória é parcial – os efeitos sonoros ambientais, como o ruído de passos em diferentes superfícies ou o impacto de armas, permanecem notavelmente planos e repetitivos, perdendo a oportunidade de criar uma camada adicional de imersão através do design de som.
Oblivion Remaster: Quest Designs e a Narrativa que Resiste ao Tempo
Enquanto muitos aspectos técnicos de Oblivion mostram sua idade, o design das quests e a narrativa permanecem como testemunhos do que a Bethesda fazia de melhor em sua era dourada. Ao revisitar as missões secundárias, fica evidente que muitos dos arcos narrativos do jogo continuam superando em criatividade e profundidade a maioria dos RPGs atuais. A famosa série de quests da Guilda dos Ladrões, por exemplo, constrói uma progressão magistral - começando com pequenos furtos quase insignificantes e evoluindo para golpes elaborados que testam verdadeiramente a compreensão do jogador sobre mecânicas de furtividade e exploração ambiental. Essa abordagem gradual e respeitosa com a inteligência do jogador contrasta fortemente com os sistemas de handholding que se tornaram padrão na indústria moderna.
As quests da Guilda dos Magos revelam outro aspecto fascinante: a coragem de exigir verdadeiro domínio das mecânicas do jogo. Diferente de muitos RPGs contemporâneos onde magia se torna apenas outro tipo de dano, Oblivion insiste que para ascender na hierarquia mágica, o jogador deve realmente entender e utilizar o sistema de feitiços personalizados - uma exigência que cria uma satisfação genuína ao ser cumprida. Essa filosofia de design, onde progressão narrativa está intrinsecamente ligada ao domínio das mecânicas, parece ter sido perdida em muitos jogos posteriores da própria Bethesda.

Curiosamente, o remaster também revela como algumas quests que pareciam inovadoras em 2006 agora mostram suas limitações. A famosa "Whodunit?" da Irmandade Sombria, enquanto ainda brilhante em seu conceito, sofre com a IA limitada dos NPCs - um problema que o remaster não conseguiu resolver. A promessa de um verdadeiro mistério de assassinato onde cada personagem reage dinamicamente às suas ações acaba comprometida quando os NPCs voltam a rotinas pré-programadas momentos depois de testemunharem um crime violento.
A estrutura principal da história, no entanto, envelheceu menos graciosamente. A natureza episódica da trama principal - onde o jogador salva o mundo entre uma pausa para completar quests secundárias - parece particularmente artificial quando contrastada com narrativas mais orgânicas de RPGs modernos. O remaster perdeu a oportunidade de reestruturar essa progressão, talvez integrando melhor os eventos principais com as atividades do mundo aberto ou adicionando consequências mais tangíveis para o avanço da Crise Oblivion.
A localização e dublagem também revelam as contradições deste remaster. Enquanto o trabalho de voz principal mantém seu charme peculiar - com Sean Bean dando vida a Martin Septim de forma memorável - a repetição extrema de vozes para NPCs secundários quebra a imersão de forma mais evidente do que nunca. Em uma era onde jogos como The Witcher 3 ou Baldur's Gate 3 estabeleceram novos padrões para diversidade de dublagem, a decisão de não regravar ou expandir este aspecto parece particularmente míope.
O que verdadeiramente surpreende, contudo, é como muitas das escolhas narrativas mais ousadas de Oblivion permanecem frescas e impactantes. A conclusão da história principal, com seu sacrifício inevitável e tom melancólico, ainda se destaca como uma das melhores sequências finais em RPGs ocidentais - uma prova de que a Bethesda já foi capaz de equilibrar escala épica com intimidade emocional de forma magistral.
Quando confrontado com a pergunta central – "Este remaster justifica uma nova visita a Cyrodiil?" – a resposta torna-se inevitavelmente subjetiva. Para os fãs devotos que desejam reviver suas memórias com um revestimento gráfico contemporâneo, o pacote oferece exatamente o que promete. No entanto, para jogadores acostumados aos padrões modernos de design de RPGs, Oblivion Remaster pode parecer um exercício de nostalgia mal executado, onde o potencial de uma verdadeira reinvenção foi sacrificado em prol de um conservadorismo excessivo. O jogo permanece, em sua essência, um artefato de sua época – agora emoldurado em ouro, mas ainda preso às limitações de uma visão de game design que o tempo deixou para trás.