A organização de direitos animais Peta está novamente no centro de polêmicas envolvendo a Nintendo, desta vez com uma campanha que pede a remoção do anel de nariz da personagem “Vaca” em Mario Kart World. O grupo argumenta que o acessório, comum em animais reais, simboliza crueldade das indústrias de carne e laticínios, e sua presença em um jogo infantil normalizaria maus-tratos. A petição online, que já circula nas redes sociais, levanta questões sobre como os games influenciam a percepção sobre os animais — um debate que a Peta mantém há quase 20 anos com a Nintendo, desde críticas a Pokémon até paródias violentas de Super Mario. Mas até que ponto a representação virtual de animais deve refletir a realidade? E como a Nintendo pode responder a essa pressão?
O Histórico de Campanhas da Peta Contra a Nintendo
A Peta não é novata em criticar a Nintendo por suas representações de animais. Desde os anos 2000, a organização utiliza jogos e paródias para chamar atenção para suas causas, muitas vezes com abordagens polêmicas. Um dos casos mais marcantes foi Super Chick Sisters (2007), um jogo em Flash que parodiava New Super Mario Bros. Nele, os jogadores controlavam pintinhos tentando salvar a ativista Pamela Anderson de um vilão inspirado no Coronel Sanders, do KFC. A mensagem era clara: denunciar os maus-tratos na indústria avícola.
Anos depois, a Peta voltou a atacar a Nintendo com Mario Kills Tanooki (2011), uma resposta ao traje de Tanuki em Super Mario 3D Land. O jogo mostrava um Mario ensanguentado segurando a cabeça decepada de um guaxinim — uma crítica à suposta glamorização do uso de peles de animais. A campanha gerou revolta entre fãs, mas também colocou em pauta a discussão sobre como os games retratam a natureza.
Outro alvo foi a franquia Pokémon, acusada de promover uma “simulação de rinhas de animais” com Pokémon Black and Blue (2012), onde um Pikachu aparecia sendo agredido por um taco de baseball. A Peta argumentava que a mecânica de batalhas do jogo incentivaria a desensibilização em relação ao sofrimento animal.
Impacto nos Jogadores e na Indústria
A pergunta que fica é: essas campanhas realmente influenciam a percepção dos gamers? Especialistas em psicologia comportamental afirmam que a representação de animais em jogos pode, sim, afetar a forma como as pessoas os enxergam — especialmente crianças. Um estudo da Universidade de York (2018) mostrou que jogos que humanizam animais tendem a aumentar a empatia, enquanto representações estereotipadas (como vacas como “objetos” de fazenda) reforçam visões desconectadas da realidade.
Por outro lado, muitos jogadores e desenvolvedores argumentam que games são ficção, e nem tudo precisa ser um reflexo fiel da ética real. “Se formos remover tudo que possa ser interpretado como ofensivo, os jogos perderiam sua liberdade criativa”, comenta designer de jogos brasileiro. A Nintendo, até agora, não se pronunciou sobre o caso da vaca em Mario Kart World, mas seu histórico sugere que dificilmente alterará um personagem por pressão externa — como fez com a polêmica do traje de Tanooki, mantido nos jogos seguintes.
PETA está sendo cerceando a liberdade criativa?
Acho que a PETA ultrapassa um limite perigoso quando tenta ditar como os desenvolvedores de jogos devem criar seus personagens. Não é sobre defender direitos animais — é sobre impor uma visão militante em um espaço que, por natureza, é imaginativo e exagerado. Mario Kart é um jogo onde tartarugas voam, cogumelos dão turbo e bananas viram armas. Ninguém joga pensando em realismo ou ética animal. Querer remover o anel de nariz da vaca é como exigir que o Yoshi não coma frutas porque “explora trabalho agrícola”. É um absurdo que beira o ridículo.
O pior é que a PETA não para por aí. Eles já fizeram campanhas tão agressivas — como o jogo do Mario ensanguentado — que acabam afastando até quem simpatiza com a causa animal. Em vez de educar, eles chocam. Em vez de convencer, eles irritam. E no fim, o que conseguem? Só mais ódio da comunidade gamer, que já está cansada de ver jogos sendo tratados como campo de batalha ideológico. Se querem mudar a indústria da carne, ótimo, mas ficar enchendo o saco da Nintendo com picuinhas não vai salvar nenhuma vaca de verdade.
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O caso do “Mario ensanguentado” realmente existiu, e foi uma das campanhas mais chocantes da PETA contra a Nintendo. Em 2011, quando a Nintendo lançou Super Mario 3D Land para o Nintendo 3DS, um dos power-ups clássicos do jogo era o Traje de Tanooki, que transformava o Mario em um guaxinim voador (inspirado no tanuki, um animal do folclore japonês).
A PETA, em sua típica abordagem agressiva, decidiu criticar a Nintendo alegando que o traje “glamorizava o uso de peles de animais”. Em resposta, a organização criou um jogo de protesto online chamado “Mario Kills Tanooki” (algo como “Mario Assassina o Tanooki”). Nesse jogo, que era uma paródia macabra de Super Mario Bros., o personagem aparecia coberto de sangue, segurando a cabeça decepada de um guaxinim enquanto corria por cenários distorcidos. A mensagem era clara: a PETA queria associar o traje fofinho do jogo à violência real contra animais.
Por que essa campanha foi tão polêmica?
- Extremismo gráfico: O jogo da PETA era deliberadamente violento e perturbador, algo completamente fora do tom dos games da Nintendo, que sempre foram family-friendly. Muitos viram como um ataque desproporcional a uma franquia que, no fundo, só queria ser divertida.
- Falta de contexto cultural: O tanuki é uma figura mitológica japonesa, muitas vezes retratada como um animal mágico e brincalhão. A PETA ignorou completamente esse aspecto cultural para criar um protesto sensacionalista.
- Hipocrisia: A Nintendo nunca incentivou caça ou uso de peles reais — era só um power-up inofensivo. Enquanto isso, a PETA já foi acusada de sacrificar animais saudáveis em seus abrigos, o que deixou muita gente questionando sua autoridade moral.
Qual foi o resultado?
A Nintendo ignorou completamente a campanha, e o traje de Tanooki continuou aparecendo em jogos posteriores, como Super Mario Odyssey. Já a PETA só conseguiu afastar ainda mais os gamers, que viram a campanha como mais um exemplo de ativismo performático e desconectado da realidade.
Resumindo: sim, o “Mario ensanguentado” existiu, mas foi só mais um tiro pela culatra da PETA — uma tentativa de viralizar através do choque, sem ganhar nenhum apoio real da comunidade de jogos.
E tem outro problema: onde isso vai parar? Se a PETA consegue forçar a Nintendo a mudar um detalhe de um personagem, o que impede outros grupos de fazerem o mesmo? Amanhã podem querer banir o Donkey Kong porque “explora primatas”, ou o Bowser porque “normaliza a domesticação de répteis”. Games são arte, e arte precisa de liberdade — inclusive para ser nonsense, politicamente incorreta ou simplesmente divertida sem precisar de um manifesto por trás.
A PETA parece mais interessada em chamar atenção do que em fazer diferença. Em vez de investir tempo em campanhas contra fazendas industriais ou maus-tratos reais, eles preferem brigar por pixels em um jogo de corrida. É um desperdício de energia e uma distorção completa das prioridades. Se querem mesmo ajudar os animais, deveriam parar de encher o saco dos gamers e focar onde a crueldade existe de verdade — no mundo real, não no Reino dos Cogumelos.