Lançamento de STALKER Enhanced Edition Recebe Avaliações "Majoritariamente Negativas" na Steam

Lançamento de STALKER Enhanced Edition Recebe Avaliações “Majoritariamente Negativas” na Steam

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Na semana passada, a GSC Game World anunciou surpreendentemente o lançamento de remasters para todos os clássicos da série STALKER — Shadow of ChernobylClear Sky e Call of Pripyat. Agora disponíveis para Xbox Series X|S, Windows PC e PS5, as versões Enhanced Edition prometiam trazer os amados jogos de sobrevivência pós-apocalíptica para uma nova geração. No entanto, a recepção inicial dos jogadores, especialmente na Steam, está longe de ser positiva.

Atualmente, os três remasters carregam a marca vermelha de “Majoritariamente Negativas” na plataforma da Valve, com apenas 36% a 38% das avaliações sendo favoráveis. Os fãs estão frustrados com uma série de problemas técnicos, decisões questionáveis de design e alterações de conteúdo que afastam os jogos de suas raízes originais.

Se as críticas forem levadas em conta, a GSC Game World terá muito trabalho pela frente para corrigir essas falhas e atender às expectativas da comunidade. Mas o que exatamente está causando tanto descontentamento?

Problemas Técnicos e Performance

Um dos problemas mais críticos apontados pelos jogadores é o bug de renderização que afeta drasticamente a qualidade visual dos remasters. Diversos usuários relatam que, independentemente da resolução selecionada, o jogo parece renderizar em uma escala inferior e depois fazer um upscaling mal otimizado, resultando em imagens embaçadas e texturas pouco definidas. Esse problema persiste mesmo após a desativação de tecnologias como o AMD FSR Super Resolution e efeitos de pós-processamento, como profundidade de campo, indicando que se trata de uma falha estrutural no motor gráfico.

Além da questão do upscaling, a ausência de opções avançadas de anti-aliasing também tem sido alvo de críticas. Enquanto os jogos originais permitiam ajustes mais refinados, as Enhanced Editions limitam os jogadores a soluções menos eficientes, como o FXAA (Fast Approximate Anti-Aliasing) e o MLAA (Morphological Anti-Aliasing), que, embora reduzam serrilhados, introduzem borrões indesejados e perda de detalhes em cenários distantes. A falta do SMAA (Supersampling Anti-Aliasing), uma técnica mais precisa e menos agressiva, é especialmente sentida por quem busca uma experiência visual mais limpa e fiel aos originais.

Outro fator que agrava a situação é a inconsistência de performance, mesmo em hardware robusto. Relatos indicam que os remasters não atingem taxas de quadros estáveis mesmo em configurações moderadas, algo inesperado para jogos que, em sua essência, são remasterizações de títulos lançados há mais de uma década. Alguns usuários mencionam quedas bruscas de FPS em áreas densas, como florestas e ambientes internos complexos, sugerindo problemas de otimização tanto na CPU quanto na GPU.

A experiência em dispositivos portáteis, como o Steam Deck, também tem sido prejudicada. O bug de renderização parece afetar ainda mais esses sistemas, onde a resolução nativa já é mais baixa, exacerbando o efeito de embaçamento. Além disso, a falta de suporte adequado a controles e ajustes visuais específicos para telas menores diminui a jogabilidade, tornando a experiência menos atraente para quem esperava aproveitar os jogos em movimento.

A comunidade de modders, tradicionalmente ativa na cena de STALKER, já começou a buscar soluções caseiras para contornar esses problemas, mas a dependência de correções não oficiais apenas evidencia a necessidade de patches urgentes por parte da GSC Game World. Enquanto isso não acontece, muitos jogadores estão optando por retornar às versões originais, que, apesar de tecnicamente mais datadas, oferecem uma experiência mais estável e visualmente coerente.

Remoção de Elementos Russos e Soviéticos

Como a ausência de referências históricas impacta a atmosfera única da série.

A decisão da GSC Game World de remover todos os elementos russos e soviéticos dos remasters de STALKER gerou um dos debates mais acalorados entre a comunidade. A série sempre se apoiou fortemente na estética pós-soviética para construir sua atmosfera única, com ruínas de estruturas comunistas, símbolos da era soviética e até mesmo a moeda do jogo sendo o rublo. Essa ambientação não era apenas cenográfica, mas parte integrante da narrativa, já que a Zona de Exclusão de Chernobyl é um local profundamente marcado pelo colapso da URSS.

A remoção completa das dublagens em russo foi um dos pontos mais criticados. Personagens icônicos, como os bandidos que gritavam “Cheeki breeki iv damke!”, agora falam em inglês, perdendo muito do charme original que os tornou memoráveis. Essa mudança não só afeta a autenticidade do mundo, mas também cria uma desconexão com os fãs mais antigos, que associam essas vozes à identidade da série. A ausência de opção para restaurar o áudio original deixou muitos jogadores frustrados, já que a imersão na Zona sempre dependeu desse realismo linguístico.

Além do áudio, a eliminação de referências visuais à União Soviética também alterou drasticamente a ambientação. Cartazes, estátuas de Lenin, placas em cirílico e outros detalhes que preenchiam o cenário foram apagados, deixando alguns ambientes estranhamente vazios. Esses elementos não eram meros adereços, mas sim vestígios de um mundo que foi abandonado após o desastre, reforçando o tema de decadência e abandono que permeia a série. Sem eles, a Zona perde parte de sua personalidade, tornando-se um ambiente pós-apocalíptico genérico, em vez de um lugar com história própria.

A justificativa da desenvolvedora, sendo um estúdio ucraniano em meio a uma guerra com a Rússia, é compreensível do ponto de vista político e emocional. No entanto, muitos argumentam que a solução poderia ter sido mais sutil, como adicionar contextualizações históricas ou até mesmo substituir os símbolos soviéticos por algo equivalente, em vez de simplesmente apagá-los. A falta de transparência sobre essas mudanças antes do lançamento também contribuiu para a frustração, já que os fãs esperavam remasters fiéis, não revisões ideológicas.

O resultado é um jogo que, embora mantenha a jogabilidade básica, perde muito do seu tom original. A Zona já não parece um lugar que foi esquecido pelo tempo, e sim um cenário que foi deliberadamente limpo. Para muitos fãs, isso vai além de uma simples mudança estética – é uma alteração na própria essência do que tornou STALKER tão especial. Enquanto alguns entendem as motivações por trás da decisão, outros questionam se a solução não poderia ter sido mais equilibrada, preservando a atmosfera sem necessariamente glorificar o passado soviético.

Diferenças Entre Plataformas

Por que as versões de console parecem ter menos problemas.

Um aspecto curioso do lançamento dos remasters de STALKER é a disparidade significativa na qualidade técnica entre as versões para PC e consoles. Enquanto os jogadores de computador enfrentam uma série de problemas gráficos e de performance, as edições para Xbox Series X|S e PS5 apresentam uma experiência consideravelmente mais estável. Essa diferença pode ser atribuída a vários fatores técnicos e de desenvolvimento que merecem análise.

A natureza padronizada do hardware dos consoles parece ter sido um fator determinante para a maior estabilidade dessas versões. Ao contrário do PC, onde as configurações variam infinitamente, os consoles oferecem um ambiente controlado para os desenvolvedores otimizarem seus jogos. A GSC Game World provavelmente dedicou mais recursos para garantir que as versões de console funcionassem bem nas especificações fixas desses sistemas, enquanto a versão para PC, com sua infinidade de combinações de hardware, acabou negligenciada em termos de otimização abrangente.

Outro ponto importante é que as versões para console foram construídas com base nas adaptações já feitas para o lançamento anterior da trilogia no Xbox, em 2023. Essas versões passaram por um processo de ajuste específico para os controles e a arquitetura dos consoles, o que pode ter servido como base mais sólida para os remasters. Já a versão para PC parece ter sofrido com tentativas mal implementadas de melhorias gráficas que, em vez de elevar a experiência, introduziram novos problemas técnicos.

A questão da resolução dinâmica e do upscaling também é tratada de forma diferente entre as plataformas. Nos consoles, técnicas como o FSR ou soluções proprietárias da Sony e Microsoft são aplicadas de maneira mais uniforme, evitando o problema de renderização borrada que afeta muitos jogadores no PC. Além disso, como os consoles normalmente usam uma combinação fixa de configurações gráficas, os desenvolvedores conseguiram encontrar um equilíbrio visual mais consistente, sem deixar opções mal otimizadas à disposição do jogador, como ocorre na versão para computadores.

O suporte a controles também é um fator que beneficia os consoles. Enquanto a versão para PC enfrenta críticas por problemas de compatibilidade com botões laterais de mouse e ajustes de sensibilidade, as edições para Xbox e PlayStation foram projetadas desde o início com os gamepads em mente. Isso resulta em uma experiência mais polida e intuitiva para quem joga com controle, algo que os usuários de PC que preferem esse método de input nem sempre conseguem reproduzir adequadamente.

Curiosamente, mesmo com menos problemas técnicos, as versões de console não escapam das polêmicas alterações de conteúdo, como a remoção de elementos russos e soviéticos. No entanto, como a performance está mais estável, os jogadores dessas plataformas parecem estar menos frustrados do que a comunidade de PC, que precisa lidar tanto com as mudanças artísticas quanto com os diversos problemas de otimização. Essa diferença de recepção mostra como a qualidade técnica pode influenciar drasticamente a tolerância dos fãs a outras mudanças controversas.

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