O lançamento de MAFIA: THE OLD COUNTRY gerou grande expectativa entre os fãs da franquia e entusiastas de jogos de mundo aberto. Mas será que o jogo entrega a experiência prometida ou decepciona em aspectos cruciais? Com uma narrativa rica e personagens carismáticos, o título promete mergulhar os jogadores nas origens da máfia, mas questões como desempenho técnico, ritmo da gameplay e falta de dublagem em português levantam debates. Neste artigo, vamos explorar os prós e contras desse novo capítulo, analisando se ele realmente vale o investimento — especialmente para quem joga no Xbox Series S ou X.
Recomendo ouvir uma Música do álbum oficial do Jogo “Mafia: The Old Country (Original Game Soundtrack)” enquanto confere nosso artigo;
Narrativa e Gameplay: Um Ritmo Deliberado (e Divisivo)
Enquanto a franquia Mafia é conhecida por sua narrativa cinematográfica, THE OLD COUNTRY adota um ritmo mais lento nas primeiras horas. O protagonista, Enzo, começa como um humilde minerador e sua ascensão na máfia é repleta de momentos introspectivos, diálogos densos e tutoriais orgânicos (como cavalgar, dirigir e combates corpo a corpo).
Pontos fortes:
- História imersiva: A construção de personagens e o contexto histórico são destacáveis, com temas como lealdade e sobrevivência.
- Dublagem e imersão: A opção de áudio em siciliano (apesar da falta de português) acrescenta autenticidade, mesmo que exija atenção às legendas durante ações simultâneas.
Pontos fracos:
- Gameplay linear: Nas primeiras 5 horas, o mundo aberto é mais “cenário” do que espaço explorável, com missões extremamente guiadas.
- Falta de ação inicial: Quem espera tiroteios constantes pode se frustrar — o jogo prioriza a construção dramática antes dos clímax violentos.
O ritmo narrativo de MAFIA: THE OLD COUNTRY é uma escolha arriscada que divide opiniões. Enquanto muitos jogos do gênero apostam em ação imediata para prender o jogador, este título opta por uma construção gradual da trama, quase literária em seu desenvolvimento. Os primeiros capítulos funcionam como um prelúdio meticuloso, apresentando não apenas o protagonista Enzo, mas todo o contexto social e político que moldará sua jornada. Essa abordagem exige paciência, mas recompensa com uma imersão rara em jogos do gênero.
A progressão da gameplay acompanha esse ritmo deliberado, com mecânicas sendo introduzidas de forma orgânica ao longo da narrativa. Aprender a cavalgar ou dirigir não são meros tutoriais, mas momentos narrativos que reforçam a evolução do personagem. Essa integração entre história e jogabilidade cria uma experiência coesa, embora possa frustrar quem busca liberdade imediata. A sensação é de estar participando ativamente de uma série dramática, onde cada ação tem peso e consequência.
Os diálogos extensos e as cenas cinematográficas dominam boa parte das primeiras horas, com uma atenção incomum aos detalhes de caracterização. Personagens secundários que em outros jogos seriam meros coadjuvantes aqui ganham profundidade, com histórias paralelas que enriquecem o mundo. Essa riqueza narrativa, porém, tem um custo: o jogo frequentemente pausa o ritmo para desenvolver conversas ou flashbacks, o que pode quebrar a fluidez para jogadores acostumados a um pacing mais dinâmico.
O combate, quando finalmente introduzido, surge como consequência natural da narrativa, não como seu motor principal. Os sistemas de luta com facas e armas de fogo são funcionais, mas não inovadores, mantendo-se fiéis à proposta de realismo que a série sempre cultivou. A sensação é que a equipe de desenvolvimento priorizou a autenticidade em detrimento do dinamismo, criando um jogo que valoriza mais a tensão dramática do que a adrenalina pura.
Essa escolha criativa reflete uma tendência recente em jogos narrativos, onde a jornada emocional do personagem muitas vezes supera a ação em si. THE OLD COUNTRY parece mais interessado em responder “por que” Enzo se torna um mafioso do que “como” ele executa seus crimes. Essa profundidade psicológica é seu maior trunfo, mas também seu maior risco comercial, já que exige um público disposto a se engajar em uma experiência mais contemplativa.
A estrutura de missões, embora linear, esconde pequenas variações que dependem das escolhas do jogador durante os diálogos. Algumas conversas podem abrir ou fechar caminhos alternativos, ainda que dentro do corredor narrativo pré-determinado. Essa ilusão de agência é bem construída, dando a sensação de que as decisões importam, mesmo quando o destino final já está traçado.
O mundo aberto, por sua vez, serve mais como palco do que como playground. Diferente de jogos como Grand Theft Auto, onde a exploração é recompensada com atividades secundárias, aqui o espaço existe principalmente para dar veracidade ao contexto histórico. As cidades e estradas são meticulosamente detalhadas, mas poucas interações opcionais são oferecidas nos primeiros atos, reforçando o foco na narrativa principal.
À medida que a história avança, elementos de gestão e tomada de decisão começam a surgir, sugerindo que o jogo pode ganhar complexidade mecânica em seus atos finais. Essa progressão lenta de sistemas é outro reflexo da filosofia de design do título, que prefere apresentar cada mecânica no momento narrativo adequado, em vez de sobrecarregar o jogador com informações desde o início.
A trilha sonora merece menção especial por seu papel na construção de atmosfera. Composta por temas que variam entre o melancólico e o épico, a música acompanha perfeitamente a jornada de Enzo, reforçando emocionalmente cada virada em sua história. Os momentos de silêncio são igualmente bem utilizados, criando contrastes que aumentam o impacto das cenas mais intensas.
A abordagem de MAFIA: THE OLD COUNTRY representa uma aposta ousada em um mercado cada vez mais acelerado. Seu ritmo pode afastar jogadores casuais, mas oferece uma experiência narrativa rara para quem está disposto a se comprometer com seu pacing único. A sensação ao final não é a de ter jogado um produto de entretenimento convencional, mas de ter vivido uma história complexa sobre ascensão, poder e moralidade.
Desempenho Técnico e Experiência nos Consoles Xbox
Um dos pontos mais discutidos sobre MAFIA: THE OLD COUNTRY é seu desempenho nos consoles da geração atual, especialmente no Xbox Series S e X. No Series S, o jogo roda a 30 FPS, sem opção de modo desempenho, e em resolução dinâmica que, em alguns momentos, pode parecer aquém do esperado. Apesar disso, o uso de FSR (FidelityFX Super Resolution) ajuda a disfarçar as limitações, mantendo a experiência visual aceitável — ainda que com artefatos perceptíveis em contornos de personagens e cenários.
Já no Xbox Series X, os jogadores têm a vantagem de escolher entre modo gráfico (30 FPS com resolução mais alta) e modo desempenho (60 FPS com resolução ajustada). Para quem prioriza fluidez, o segundo é a melhor opção, especialmente em cenas de ação ou perseguições. Vale destacar que o jogo utiliza a Unreal Engine 5, o que explica parcialmente sua demanda técnica elevada. Ainda assim, a otimização poderia ser melhor, principalmente no Series S, onde a ausência de alternativas de performance é uma falha significativa.
Comparando com os Clássicos: Como THE OLD COUNTRY se Mede aos Antecessores?
Para os fãs de longa data da franquia, MAFIA: THE OLD COUNTRY traz uma abordagem distinta quando comparado aos seus predecessores. Enquanto Mafia 1 (2002) e Mafia 2 (2010) equilibravam narrativa e ação de forma mais imediata, este novo capítulo opta por um desenvolvimento mais gradual da trama. Nos jogos antigos, os elementos de máfia e crime organizado surgiam logo nos primeiros atos, enquanto aqui a construção é mais meticulosa — quase como uma obra de época que prioriza o contexto histórico e emocional antes dos tiroteios.
Principais diferenças:
- Progressão de Personagem: Enzo não é um mafioso pronto como Vito ou Tommy; sua jornada é mais orgânica (e às vezes lenta).
- Mundo Aberto: Diferente de Mafia 2 (com suas ruas exploráveis cheias de atividades secundárias), THE OLD COUNTRY é mais restrito nas primeiras horas, liberando o mapa apenas tardiamente.
- Tonalidade: O jogo atual é mais sombrio e realista, abandonando parte do charme “pulp” dos originais.
Comparando MAFIA: THE OLD COUNTRY com os títulos anteriores da franquia, é evidente que os desenvolvedores optaram por uma abordagem mais contemplativa e menos imediatista. Enquanto Mafia: The City of Lost Heaven (2002) e Mafia II (2010) mergulhavam o jogador rapidamente no universo do crime organizado, com missões que equilibravam narrativa e ação desde os primeiros momentos, este novo capítulo exige paciência. A construção da trama é gradual, quase como um romance de formação, onde cada detalhe da ascensão do protagonista é minuciosamente explorado. Essa escolha narrativa pode afastar aqueles que esperavam a adrenalina instantânea dos jogos anteriores, mas certamente agradará aos que apreciam uma imersão mais profunda e detalhada.
Um dos aspectos mais notáveis na comparação é a evolução técnica e de design. Os jogos originais, especialmente o primeiro Mafia, eram revolucionários para sua época, oferecendo um mundo aberto detalhado e uma física de veículos realista. THE OLD COUNTRY herda essa ambição, mas com os recursos da Unreal Engine 5, entregando gráficos impressionantes e uma atmosfera visualmente rica. No entanto, essa evolução técnica vem com um custo: a exigência de hardware é significativamente maior, especialmente no Xbox Series S, onde as limitações são mais perceptíveis. Enquanto os títulos antigos eram acessíveis em configurações modestas para a época, o novo jogo exige consoles ou PCs robustos para aproveitar plenamente sua proposta visual.
A narrativa também apresenta diferenças marcantes. Nos clássicos, a história era contada de forma mais direta, com cortes temporais e eventos que aceleravam o ritmo. Em THE OLD COUNTRY, a trama se desenrola de maneira quase episódica, com capítulos que se concentram em desenvolver personagens secundários e contextos históricos. Essa abordagem pode ser vista como um avanço na maturidade narrativa da franquia, mas também corre o risco de alienar jogadores acostumados ao ritmo mais dinâmico dos predecessores. A falta de momentos de ação impactantes nas primeiras horas é um contraste gritante com Mafia II, por exemplo, que já em sua abertura apresentava uma sequência intensa de perseguição e tiroteio.
Outro ponto de divergência é a representação do mundo aberto. Enquanto Mafia II oferecia uma cidade vibrante, com lojas para saquear, veículos para coletar e atividades secundárias, THE OLD COUNTRY parece mais interessado em contar sua história linear do que em preencher o mundo com conteúdo opcional. Nas primeiras horas, o mapa serve mais como pano de fundo do que como um espaço interativo, o que pode frustrar jogadores que esperavam explorar livremente desde o início. Essa escolha de design reflete uma tendência moderna de priorizar narrativas cinematográficas, mas também levanta questões sobre o que define um verdadeiro “mundo aberto” na franquia Mafia.
A caracterização dos personagens é outro aspecto que diferencia o novo jogo dos antigos. Enquanto Tommy Angelo e Vito Scaletta eram figuras já inseridas no crime organizado, Enzo é um protagonista que começa da base, um homem comum arrastado para o mundo da máfia por circunstâncias trágicas. Essa origem humilde permite uma jornada mais detalhada, mas também exige mais tempo para atingir os momentos de glória e poder que marcaram os protagonistas anteriores. A construção lenta pode ser vista como uma virtude narrativa, mas também como um obstáculo para jogadores que buscam a fantasia do poder mafioso desde o início.
A trilha sonora e a ambientação também merecem destaque na comparação. Os jogos clássicos eram conhecidos por suas trilhas marcantes e pelo uso de músicas da época para imersão. THE OLD COUNTRY mantém essa tradição, mas com uma abordagem mais sutil, priorizando sons ambientais e diálogos em detrimento de sequências musicais memoráveis. Essa escolha reforça o tom realista e sombrio do jogo, mas pode deixar saudades da energia vibrante que marcou as aventuras de Vito Scaletta nas ruas de Empire Bay.
A questão da violência e do impacto das escolhas do jogador também é tratada de forma diferente. Nos títulos antigos, as consequências das ações do protagonista eram frequentemente mostradas de forma explícita, com cenas brutais e reviravoltas trágicas. Em THE OLD COUNTRY, a violência é mais psicológica e menos espetacular, refletindo uma abordagem mais madura e menos sensacionalista. Essa mudança pode ser apreciada por quem busca uma experiência mais reflexiva, mas pode desapontar fãs que esperavam a intensidade emocional e os momentos chocantes que marcaram a franquia no passado.
MAFIA: THE OLD COUNTRY é uma obra que tenta reinventar a franquia, priorizando profundidade narrativa e realismo em detrimento do ritmo acelerado e da ação constante dos títulos anteriores. Essa escolha o torna um jogo mais nichado, destinado a um público específico que valoriza histórias bem construídas e personagens complexos. Enquanto os fãs dos clássicos podem estranhar a mudança de tom, aqueles dispostos a embarcar nessa nova abordagem encontrarão uma experiência rica e memorável, ainda que distante da fórmula que consagrou a série.
Dublagem e Legendas: Um Desafio para Brasileiros
A ausência de dublagem em português é uma falha significativa para o público brasileiro, especialmente em um jogo tão dependente de diálogos. A opção em siciliano (ou espanhol) é imersiva, mas exige atenção redobrada às legendas — problema em cenas de ação ou cavalgadas, onde ler e jogar simultaneamente é complicado.
Dicas para contornar:
- Jogue com áudio em Siciliano para ser mais imersivo, já que não vamos entender pelo menos ficará no idioma original de onde se passa o game.
- Pause durante diálogos cruciais em missões movimentadas.
- Ative subtítulos em fundo escuro nas configurações para melhorar a visibilidade.
Veredito Final: Para Quem Vale a Pena?
MAFIA: THE OLD COUNTRY é um jogo nichado. Recomendado para:
- Fãs de narrativas profundas que não se importam com ritmo lento.
- Jogadores de Xbox Series X (pela fluidez a 60 FPS).
- Quem busca imersão histórica sobre ação frenética.
Evite se:
- Você prioriza gameplay aberto e liberdade desde o início.
- Espera uma experiência idêntica aos Mafia clássicos.
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