Olha, vou ser sincero: quando a Quantic Dream anunciou que Detroit: Become Human havia batido a marca impressionante de 10 milhões de unidades vendidas, eu parei para pensar. Não só porque é um número absurdo para um jogo focado em narrativa e escolhas, mas porque me dei conta de que, hoje, um feito assim parece cada vez mais… improváável.
A gente vive numa era onde a indústria valoriza games de mundo aberto, multiplayer competitivo e serviços contínuos. E, nesse contexto, lançar um jogo como Detroit — com orçamento alto, tecnologia de ponta para expressões faciais e uma narrativa que se desdobra de verdade com base nas suas decisões — tornou-se um risco gigantesco.
Eu, particularmente, amo essa fórmula. Joguei Heavy Rain, Beyond: Two Souls e, claro, Detroit, e sempre me impressionei com a capacidade deles de me fazer sentir no controle da história. Mas a pergunta que fica é: será que vamos ver outro jogo assim, nesse nível de ambição e sucesso, nos próximos anos?
A resposta, infelizmente, pode ser não. E vou te explicar por quê.
O Custo por Trás das Escolhas – Por Que a Economia Não Fecha Mais
Pensa comigo: Detroit: Become Human não é um jogo qualquer. A qualidade das expressões faciais, a modelagem detalhada dos personagens, a fotografia cinematográfica e a trilha sonora imersiva… Tudo isso custa caro. Muito caro. E quando a gente fala em “jogo de escolhas”, muita gente ainda associa a algo mais “nichado”, como se fosse uma experiência curta ou menos relevante que um blockbuster de mundo aberto. Só que não é verdade — e a Quantic Dream prova isso com cada cena.
Mas aqui está o pulo do gato: em 2024 (e olha que já estamos quase em 2025), o jogador médio está mais cauteloso com onde gasta seu dinheiro. Lançar um título nesse nível técnico como full price é um tiro no escuro. A menos que o jogo tenha um marketing agressivo — do tipo que furou a bolha do Detroit —, é difícil justificar um retorno financeiro que cubta o investimento.
E olha, não é só impressão minha. Depois do sucesso do Detroit, surgiram vários outros jogos de narrativa ramificada, mas muitos tiveram vida curta ou recepção morna. O público parece estar mais seletivo. E se a Quantic Dream, que é a referência máxima no gênero, pensa duas vezes antes de anunciar um novo projeto nesse estilo, imagina outras desenvolvedoras?
A Saturação Invisível do Gênero
Pode parecer estranho falar em “saturação” em um gênero que não lança títulos todo ano, mas a real é que o jogador hoje em dia está exposto a muitas escolhas… em praticamente todo tipo de jogo. Desde RPGs massivos como Baldur’s Gate 3 até experiências indie como Life is Strange, a mecânica de decisão que impacta a história já não é mais um diferencial tão único.
O que o Detroit fez de especial foi elevar isso a um patamar cinematográfico. Cada decisão era tensa, cada consequência era visceral. Mas será que os jogadores ainda estão dispostos a pagar caro por essa experiência, sabendo que existem alternativas mais baratas — ou até mesmo inclusas em serviços de assinatura?
Eu, como fã, digo que sim, mas a massa… talvez não. E é aí que a conta não fecha para os publishers. Eles precisam de garantias de retorno, e o gênero narrativo puro, infelizmente, virou uma aposta arriscada.
O Futuro da Quantic Dream – E Onde Entram as Grandes Publicadoras?
Aqui vem um ponto que muita gente não para para pensar: a Quantic Dream não é mais aquela produtora independente e “boutique” de outros tempos. Desde que foi adquirida pela NetEase, em 2022, a equipe ganhou fôlego financeiro, mas também passou a ter que responder a expectativas diferentes. E quando a gente fala de uma gigante chinesa investindo milhões, a cobrança por resultados é real.
Não me entenda mal — a parceria pode ser ótima. Pode significar mais recursos para tecnologia, mais tempo de desenvolvimento, quem sabe até mais liberdade criativa? Mas também pode significar pressão para que os jogos vendam em escala global, com apelo massivo. E será que um jogo de narrativa profunda, como eram os títulos clássicos da Quantic, se encaixa nesse perfil?
Eu tenho minhas dúvidas. Acho que o próximo jogo deles vai ser um termômetro importantíssimo para o gênero. Se for bem-sucedido, pode reacender a chama dos games narrativos. Se não… pode ser o último grande suspiro de uma era.
Tem Saída? Como o Gênero Pode Se Reinventar
Mas nem tudo está perdido! A indústria dos games é viva e está sempre se reinventando. Se jogos como Detroit: Become Human já não fazem sentido como produtos full price no modelo tradicional, talvez a resposta esteja em formatos alternativos.
Pensa comigo: e se esses jogos fossem lançados em episódios, como fazia a Telltale nos tempos áureos? Ou se fossem oferecidos como parte de catálogos de assinatura, como a PS Plus ou Xbox Game Pass, onde o risco do consumidor é menor e o engajamento pode ser maior? Ou ainda, que tal experiências mais curtas, por um preço reduzido, mas com alta densidade emocional e rejogabilidade?
Eu acredito que o público por histórias bem contadas nunca vai desaparecer. Só precisamos de modelos que tornem viável produzir essas experiências — sem abrir mão da qualidade que a Quantic Dream sempre nos entregou.
Um Gênero em Transição, Mas Não no Fim
Olha, fechando essa reflexão, é importante a gente entender que a indústria dos games é cíclica. Assim como os jogos de ritmo acelerado e os shooters deram lugar aos battle royales, que depois dividiram espaço com os mundos abertos e os títulos de sobrevivência, os games narrativos também estão passando por uma transformação.
Detroit: Become Human pode, de fato, ter sido um ponto fora da curva — um projeto que chegou na hora certa, com a tecnologia certa, e cativou milhões. Mas isso não significa que seja o “último” do seu tipo. Pode ser, na verdade, um marco que mostrou o ápice de um formato, antes que ele se reinvente.
Como jogador que ama uma boa história, eu me recuso a acreditar que não veremos mais narrativas profundas e emocionantes como a do Detroit. Elas podem voltar em formatos diferentes, com orçamentos mais enxutos, em novas mídias ou distribuídas de outras formas. O importante é que a essência — a capacidade de nos fazer sentir parte da trama — permaneça.
A Quantic Dream, assim como outras desenvolvedoras, terá que equilibrar ambição e viabilidade. E nós, como comunidade, podemos ajudar apoiando esses projetos quando eles surgirem — seja comprando, comentando ou divulgando.
No fim das contas, enquanto houver quem queira não apenas jogar, mas sentir uma história, o legado de Detroit e dos games de escolha seguirá vivo. E eu, por enquanto, vou ficar na esperança — e de olho no que vem por aí.
Perguntas Frequentes – FAQ
Quantas cópias Detroit: Become Human vendeu?
Detroit: Become Human atingiu a marca de mais de 10 milhões de unidades vendidas mundialmente, tornando-se um dos jogos narrativos mais bem-sucedidos da história.
Por que não saem mais jogos como Detroit: Become Human?
Jogos nesse estilo exigem orçamento alto, tecnologia de ponta e têm um público mais nichado. Com a indústria priorizando títulos com apelo massivo e retorno financeiro rápido, o risco de lançar games narrativos full price tem aumentado.
A Quantic Dream vai lançar um novo jogo?
A Quantic Dream foi adquirida pela NetEase em 2022 e possui projetos em desenvolvimento, mas ainda não anunciou um sucessor direto de Detroit. Especula-se que o próximo jogo da studio possa seguir uma linha diferente para atrair um público mais amplo.
Quais são os jogos similares a Detroit: Become Human?
Além da trilogia clássica da Quantic Dream (Heavy Rain, Beyond: Two Souls), recomendamos:
Life is Strange (Square Enix)
The Walking Dead (Telltale Games)
As Dusk Falls (Xbox Game Studios)
Baldur’s Gate 3 (Larian Studios) — embora seja um RPG, tem narrativa profundamente ramificada.
Vale a pena jogar Detroit: Become Human hoje?
Com certeza! O jogo continua atualíssimo em gráficos, narrativa e impacto emocional. É uma experiência imersiva e repleta de decisões que alteram o destino dos personagens de forma significativa.
Por que jogos de escolha estão em declínio?
Não é necessariamente um declínio, mas uma transição. Muitos jogos do gênero migraram para modelos episódicos ou de assinatura (como Game Pass), reduzindo o risco de lançamento. O público também está mais diversificado, com opções indies ganhando espaço.
Detroit: Become Human tem final múltiplo?
Sim! O jogo possui centenas de variações de finais, dependendo das escolhas feitas ao longo da história. Essa é uma das razões pela sua alta rejogabilidade.
Qual é o futuro dos jogos narrativos?
A tendência é que os jogos narrativos se adaptem a formatos mais acessíveis, como episódios, preços reduzidos ou inclusão em serviços de assinatura. A inovação em IA e narrativa interativa também pode revitalizar o gênero.