Desde o seu lançamento em 2020, Ghost of Tsushima conquistou uma legião de fãs e se estabeleceu como um dos melhores jogos de mundo aberto já criados, elogiado por sua qualidade impecável, história envolvente, combate dinâmico e gráficos deslumbrantes. Considerado um dos grandes exclusivos do PlayStation, a expectativa por uma sequência era imensa. No entanto, o anúncio oficial de
Ghost of Yotei trouxe consigo uma onda de decepção para muitos, especialmente pela mudança de protagonista e cenário, abandonando a jornada de Jin Sakai para introduzir uma nova guerreira, Atsu, em outra região do Japão e muitos anos após os eventos do primeiro jogo. Essa decisão, por si só, já gerou frustração entre os fãs que esperavam uma continuação direta da narrativa de Tsushima, um jogo que, apesar de ficcionalizar seu protagonista, baseia-se em eventos históricos reais, com a ilha de Tsushima tendo sofrido duas invasões, o que abriria um precedente perfeito para uma sequência.
Para além das mudanças na narrativa, uma das maiores preocupações levantadas pelos jogadores e pela crítica recai sobre a falta de inovação na jogabilidade e nos aspectos técnicos de Ghost of Yotei. Após 20 minutos de gameplay apresentados em uma State of Play dedicada, a comunidade notou que, graficamente, o jogo parece uma versão 2.0 do original, sem grandes avanços no motor gráfico, sistemas de iluminação ou física. As animações e até mesmo os inimigos parecem ter sido reciclados do primeiro Ghost of Tsushima. Essa similaridade é tão marcante que, ao comparar clipes dos dois jogos, torna-se difícil diferenciar um do outro, levantando a questão se Ghost of Yotei justifica seu preço de lançamento, estimado em R$400,00.
A principal novidade na jogabilidade, e talvez a única significativa, é a expansão do arsenal da protagonista Atsu. Enquanto Jin Sakai utilizava apenas a katana com diferentes posturas de combate, Atsu poderá empunhar diversas armas, como katanas longas, duas katanas menores, um yari (lança japonesa) e até mesmo armas presas a correntes. Essa mudança substitui o sistema de posturas do jogo original, que oferecia diferentes estilos de combate focados em tipos específicos de inimigos. Embora seja uma adição bem-vinda, muitos argumentam que não representa uma reinvenção ou uma evolução substancial da fórmula.
Outra pequena adição notada foi a possibilidade de montar acampamentos em certas regiões, permitindo preparar comida, tocar instrumentos musicais e conversar com personagens da campanha, remetendo a elementos vistos em jogos como
Red Dead Redemption ou Final Fantasy XV. No entanto, para um desenvolvimento de cinco anos e um dos jogos mais vendidos da Sony, a expectativa era por inovações mais impactantes.
A história de Atsu, uma mercenária solitária que busca vingança pela morte de seus pais, assassinados quando criança, é vista por alguns como genérica e excessivamente similar à narrativa de Naoe em Assassin’s Creed Shadows. Essa similaridade é irônica, dada a discussão inicial de que Assassin’s Creed Shadows estaria copiando Ghost of Tsushima. Em contraste, a história de Jin Sakai em Ghost of Tsushima foi elogiada por sua profundidade, abordando temas como honra, dever, justiça e os sacrifícios necessários para proteger o povo de Tsushima, tornando-se um “vigilante do Japão feudal”. A decisão de abandonar essa narrativa única por uma trama de vingança mais convencional gerou ceticismo entre os fãs.
Ainda que muitos reconheçam o potencial de Ghost of Yotei ser um bom jogo, especialmente por seguir a base de um título aclamado , a falta de inovações levanta um debate maior sobre as sequências de franquias de sucesso. Jogos como
Spider-Man 2, God of War Ragnarök e Tears of the Kingdom também enfrentaram discussões sobre o grau de evolução entre títulos. A questão central é: até que ponto a reciclagem de conteúdo justifica o lançamento de um novo jogo, especialmente com o aumento dos preços?. A Sony, conhecida por suas franquias lineares e narrativas cativantes, frequentemente adota essa abordagem de “fábrica de jogos iguais”, o que pode levar a um questionamento sobre a verdadeira inovação em suas produções futuras.