Você já parou para pensar que, enquanto a indústria de games avança a passos largos para o futuro, uma parte crucial do nosso passado está simplesmente… desaparecando? Pois é, meu amigo, essa é uma realidade assustadora. Nos últimos anos, ficou claro que estamos perdendo, em tempo real, a história dos videogames. Jogos que marcaram épocas, que definiram gerações inteiras, estão sendo removidos de lojas digitais, têm seus servidores desligados e, em alguns casos tristes como The Crew 1, até mesmo sumindo das bibliotecas de quem comprou. E aí eu te pergunto: o que acontece com aquela franquia incrível de 15 anos atrás que não pode mais ser jogada nem mesmo pela pirataria? A sensação é a de que estamos assistindo a um museu pegar fogo, e a maioria das grandes empresas só fica olhando.
Enquanto gigantes como Ubisoft, Activision e Microsoft parecem não mover um centímetro de suas “bundas gordas e bem financiadas” (para usar uma expressão bem honesta de um vídeo que vi recentemente) para resolver isso, uma loja em particular decidiu carregar nas costas sozinha o peso – e a honra – de preservar nosso legado digital. Estou falando da GOG, a plataforma da CD Projekt Red, a mesma mente por trás de The Witcher e Cyberpunk 2077. E meus amigos, o que eles estão fazendo é, sem sombra de dúvidas, impressionante.
A GOG já era conhecida pelo seu foco em jogos antigos, mas agora eles elevaram o patamar a um nível que beira o inacreditável. E a grande jogada? Eles estão contratando investigadores particulares para desvendar um dos maiores mistérios do mundo dos games: descobrir quem são os donos dos direitos de jogos clássicos que se perderam no tempo. Imagina só a cena: um detetive, talvez num casaco trench, batendo na porta de alguém no Reino Unido para dizer: “Senhor, você herdou os direitos de uma franquia de jogos dos anos 90 e nós queremos trazê-la de volta à vida”. Isso não é roteiro de filme, é a GOG fazendo história – literalmente.
Pois bem, se o primeiro ato dessa história já te pegou, prepare-se porque a atuação da GOG vai muito além de contratar detetives do mundo real. O trabalho deles é minucioso, quase cirúrgico, e começa bem depois que os direitos autorais são resolvidos.
Mais do que Disponibilizar: A Missão de “Consertar” a História
De nada adianta ter o direito de vender um jogo clássico se, quando você instala ele no seu Windows 11, a tela fica azul ou os controles simplesmente não funcionam. É aí que a GOG mostra sua verdadeira cara. Eles não são apenas uma loja digital; são verdadeiros restauradores de obras de arte digitais.
A equipe técnica deles mergulha a fundo no código desses jogos antigos e faz uma série de modificações essenciais para que a experiência seja a melhor possível hoje. Estamos falando de:
- Compatibilidade com hardware e software modernos: Garantir que o jogo rode liso no seu monitor ultrawide, com seu teclado mecânico e no seu Windows atual.
- Correção de bugs históricos: Aqueles glitches e problemas que nunca foram resolvidos pelos desenvolvedores originais, e que a comunidade precisava contornar com patches não-oficiais, são muitas vezes corrigidos pela própria GOG.
- Acréscimo de melhorias de qualidade de vida: Suporte a achievements (conquistas) em alguns títulos, integração com cloud saving e, o mais importante, a garantia de que o jogo é seu de verdade, sem DRMs restritivos que te impeçam de jogar offline quando quiser.
Na prática, comprar um jogo na GOG é como comprar uma edição restaurada e remasterizada de um filme clássico, mas com o cuidado de manter a alma e a experiência original intactas. Eles não só colocam o jogo na prateleira digital; eles o preparam para sobreviver por mais uma ou duas décadas.
E os “Pecados” das Licenças? O Maior Inimigo dos Jogos Antigos
Aqui chegamos a um ponto espinhoso, que o vídeo original toca de forma brilhante. Muitas vezes, o sumiço de um jogo não tem nada a ver com a engine ou com a vontade da produtora, e sim com um emaranhado de licenças de música e imagens que simplesmente expiraram.
Pegue como exemplo a franquia Forza Horizon, citada no vídeo. A Microsoft continua lançando jogos novos, mas onde estão o Forza Horizon 1, 2 e 3? Sumidos! Muito provavelmente por causa das trilhas sonoras licenciadas, que tinham um prazo de uso determinado. Quando esse prazo vence, a publisher tem duas opções: gastar uma fortuna para renovar todas as licenças (o que raramente é financeiramente viável) ou simplesmente tirar o jogo de circulação. Adivinha qual é a opção mais comum?
É aí que entra a pergunta de um milhão de dólares: A GOG poderia resolver isso?
A resposta é: talvez! A grande jogada da GOG é a persistência e a negociação. Enquanto uma grande publisher pode achar o processo muito trabalhoso e desistir, a GOG parece estar disposta a fazer esse trabalho de formiguinha. Eles localizam cada detentor de direito, desde a empresa que faliu até o herdeiro que nem sabia que tinha os direitos, e iniciam uma conversa. Muitas vezes, as pessoas se mostram receptivas em ver sua obra ou a obra de sua família sendo revitalizada e respeitada.
Isso não é apenas um serviço; é um ato de curadoria cultural. Eles estão fazendo pelas trilhas sonoras e pelos assets visuais o mesmo que fazem pelo código: garantindo que permaneçam acessíveis.
E agora, meus amigos, vamos ao embate digital que todo gamer adora: GOG vs. Steam vs. Epic. Mas calma, antes de sair tacando pedra nas lojas, precisamos entender que cada uma ocupa um espaço diferente no ecossistema – e é justamente aí que a GOG se torna insubstituível.
GOG vs. Steam vs. Epic: Não É Uma Guerra, É Uma Questão de Propósito
Vamos ser francos: a Steam é a rainha absoluta quando falamos de catálogo abrangente, recursos sociais, ferramentas para desenvolvedores e aquele conforto de ter 90% dos seus jogos em uma única biblioteca. Ninguém discute isso. Já a Epic entra com a estratégia dos jogos grátis semanais e exclusivos temporários, conquistando espaço na base da “gratuidade” e descontos agressivos.
E a GOG? Bem, ela não está nem aí para essa corrida. Enquanto as outras brigam por quem tem o jogo mais novo primeiro, a GOG está na dela, garimpando quem tem o jogo mais antigo de volta. É como comparar um shopping center (Steam) com uma loja de departamentos em promoção (Epic) e um museu interativo onde você pode comprar as relíquias (GOG).
O grande diferencial da GOG, que a coloca num patamar quase espiritual para quem ama jogos, é a filosofia DRM-Free. Na Steam e na Epic, você “aluga” o acesso ao jogo enquanto a plataforma existir. Na GOG, você compra de verdade. O jogo é seu. Pode baixar o instalador, guardar num HD externo, instalar em 5 PCs diferentes, e ele será seu para sempre, mesmo que a GOG feche as portas amanhã. Isso não é um detalhe, é uma declaração de princípios.
E Nós? O Que Podemos Fazer Para Ajudar?
Diante de um trabalho tão nobre, é natural a gente se perguntar: como posso contribuir? A resposta é mais simples do que parece:
- Compre na GOG, mesmo que seja mais barato na Steam: Pense na diferença de preço como uma doação para a preservação da história dos games. Você está financiando os detetives, os programadores e os negociadores que mantêm os clássicos vivos.
- Espalhe a Palavra: Converse com seus amigos sobre a GOG e sua missão. Muita gente ainda não conhece ou não entende a importância do DRM-Free.
- Valorize os Clássicos: Não tenha vergonha de jogar títulos antigos. Mostre para as novas gerações que Half-Life, System Shock 2 ou Fallout 1 não são só “jogos velhos”, são aulas de design, narrativa e criatividade.
O Fantasma dos “Games as a Service” e o Caso The Crew 1
E não podemos falar de preservação sem olhar para o futuro – um futuro que, na verdade, já chegou. A ascensão dos “jogos como serviço” (Games as a Service – GaaS) é a maior ameaça à preservação desde que os cartuchos pararam de ser fabricados.
O caso de The Crew 1 é o exemplo perfeito e mais aterrador. A Ubisoft simplesmente desligou os servidores do jogo. Fim. Quem comprou, seja mídia física ou digital, ficou com um belo peso de papel. O jogo morreu. E isso vai acontecer com Fortnite um dia? Com Overwatch 2? Com Destiny 2?
É assustador pensar que, daqui a 20 anos, uma parte enorme da história dos games dos anos 2020 pode ser uma página em branco, simplesmente porque as empresas decidirão que não é mais lucrativo manter os servidores ativos.
É nesse contexto que o trabalho da GOG ganha um significado profético. Eles não estão só salvando o passado; estão nos mostrando que existe um caminho diferente para o futuro. Eles provam que é possível, sim, ter um negócio sustentável com base no respeito pelo jogador e pela história.
Enquanto o The Crew 1 virou pó, a GOG está aí, garantindo que você ainda possa jogar Diablo ou Baldur’s Gate online com seus amigos, graças a seus próprios servidores. A mensagem é clara: alguns querem que você assine aluguel, outros querem que você seja dono da sua história.
E aí, o que achou dessa jornada pela preservação? O trabalho da GOG te convenceu a dar uma chance aos clássicos? Compartilhe sua opinião nos comentários!