Bailarina: Análise Completa do Novo Filme John Wick (Sem Spoiler)

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No dinâmico universo cinematográfico, a expectativa em torno de Ballerina, o mais recente filme da aclamada franquia John Wick, tem gerado um burburinho considerável, e por um bom motivo. Muitos se perguntam se este spin-off conseguirá sustentar a barra altíssima estabelecida pelos seus antecessores, especialmente após o que parecia ser um final épico para o próprio John Wick em “Capítulo 4”. Com a talentosa Ana de Armas no papel principal, o filme promete expandir a rica e complexa mitologia de assassinos e regras que tanto cativou o público, mergulhando nas origens de uma personagem ligada à Ruska Roma, a mesma organização que moldou o lendário Baba Yaga. Mas será que Ballerina entrega a dose de ação visceral e a profundidade narrativa que os fãs esperam, ou é apenas uma tentativa de extrair mais “leite” de uma “vaca” já exaurida? Prepare-se para desvendar se este novo capítulo faz jus ao legado de John Wick, sem “lacração” e com muito, mas muito sangue.

O Legado de John Wick e a Dúvida da Continuação

Desde seu lançamento em 2014, John Wick surpreendeu o mundo do cinema ao transformar uma premissa simples — um ex-assassino que volta à ativa após a morte de seu cachorro — em uma das mais impactantes e influentes franquias de ação da década. O que começou como uma história de vingança pessoal se expandiu para um universo rico em detalhes, com cenas de luta coreografadas com maestria, um visual neon e estiloso, além de um conjunto de regras e códigos que regem a vida de assassinos de aluguel, como o famoso Hotel Continental, onde matar é proibido. Essa mitologia única, que inclui as enigmáticas moedas douradas , fez com que o público “comprasse” a ideia, mergulhando de cabeça em um mundo onde, apesar de toda a “maluquice”, tudo fazia sentido.

A cada novo filme, a franquia John Wick não apenas aumentou a escala da ação, mas também aprofundou seu background, revelando mais sobre a hierarquia, as famílias de assassinos e os locais sagrados desse submundo. O ápice parecia ter sido alcançado em John Wick 4, que, para muitos, entregou uma despedida épica e um final que fechou um ciclo, levando a crer que seria o fim da saga. No entanto, a chegada de Ballerina levanta uma questão crucial: seria realmente necessário mais um filme neste universo, ou estaríamos testemunhando uma tentativa de “tirar leite” de uma “vaca” que já está “magra”? A dúvida é legítima, pois não é incomum em Hollywood ver universos serem explorados à exaustão apenas para gerar mais lucro.

Bailarina: Análise Completa do Novo Filme John Wick (Sem Spoiler)
Bailarina: Análise Completa do Novo Filme John Wick (Sem Spoiler) 2

A Riqueza Inexplorada do Universo John Wick

Apesar das preocupações com a saturação, a verdade é que o universo de John Wick é vasto e “rico para caramba” , o que justifica a existência de spin-offs como Ballerina. A mitologia dos assassinos, as regras, os contatos e as intrincadas hierarquias plantadas nos filmes anteriores oferecem um terreno fértil para novas histórias. Ballerina não tenta substituir John Wick, mas sim expandir este universo já “casca grossa” que tanto curtimos.

A narrativa se concentra em Eve Macarro , uma assassina que, como o próprio John Wick, foi treinada desde a infância nas rigorosas tradições da Ruska Roma. Interpretada por Ana de Armas — cujo sobrenome “de Armas” parece ter sido feito para o papel —, Eve embarca em uma brutal missão de vingança após o assassinato de sua família. O filme se encaixa cronologicamente entre John Wick: Capítulo 3 – Parabellum e John Wick: Capítulo 4 , não sendo apenas um spin-off aleatório, mas uma conexão genuína com a linha principal da franquia. Ele aprofunda o conceito das “bailarinas assassinas” , introduzido brevemente no terceiro filme, com o retorno de Anjelica Huston como a diretora da escola de balé — que, por trás da fachada artística, esconde um campo de treinamento mortal. É como se as bailarinas do Lago dos Cisnes trocassem as sapatilhas por facas , mostrando que disciplina e violência podem andar lado a lado.

O Que Esperar de Ballerina: Pontos Fortes e Fracos

O Desafio Emocional e a Essência da Ação

É inegável que Ballerina se esforça para se conectar emocionalmente com o público, mas, na minha análise, falha em criar uma ligação profunda. As atuações são sólidas, com Ana de Armas entregando uma performance “casca grossa” tanto nas cenas de ação quanto nos momentos mais dramáticos. No entanto, o roteiro parece não construir uma conexão emocional suficiente antes de mergulhar no banho de sangue. Entendemos a motivação da personagem, mas não sentimos junto com ela. Em um filme da franquia John Wick, contudo, o público busca primordialmente a ação e a porradaria , e nesse quesito, Ballerina se garante.

A Coreografia de Lutas: Um Patamar Elevado Demais?

Se o ponto é a porradaria, Ballerina entrega. No entanto, sendo brutalmente sincero, sinto que, dos cinco filmes da franquia, este apresenta as lutas “menos iradas”. É importante ressaltar: “menos iradas”, não “ruins”. Há cenas de ação “boas pra caramba” e ideias criativas, com Ana de Armas vendendo cada golpe de forma convincente. O problema reside no patamar surrealmente elevado estabelecido pelos filmes anteriores, especialmente John Wick 2, 3 e, principalmente, 4. As coreografias de luta desses filmes são um marco, redefinindo o conceito de ação mais “real” (embora não literalmente) e elevando a fasquia para um novo nível.

Quando Ballerina chega, ele oferece boas cenas de ação, mas não supera as anteriores, e isso é perceptível, pois estamos acostumados com um nível de exigência altíssimo. Ainda assim, o filme “não faz feio” e está no nível da franquia. Há pelo menos duas cenas que parecem ter saído diretamente de um anime, com referências que fãs mais atentos, especialmente de Kengan Ashura e One Piece, certamente captarão. A criatividade na forma como as lutas são conduzidas é um diferencial, com a utilização inventiva de tudo o que está no cenário, desde pratos e patins até mangueiras de incêndio. Ana de Armas demonstra uma naturalidade impressionante, lembrando o estilo divertido dos filmes de Jackie Chan pela forma como a comédia é inserida em meio à ação.

Participações Especiais e Licenças Poéticas

Um ponto de leve decepção foi a participação de Norman Reedus, que, embora “chute umas bundas” e tenha uma cena “casca grossa”, não teve o papel mais expressivo que eu esperava. Por outro lado, a aparição de ninguém menos que o próprio Baba Yaga, John Wick, embora já revelada nos trailers , se mostrou mais relevante do que o previsto. E posso garantir que “não fizeram feio com ele”.

Como todo bom filme de ação, Ballerina também conta com suas “mentiradas”. Assassinos altamente treinados erram tiros à queima-roupa , personagens sobrevivem a situações impossíveis , e Ana de Armas mantém uma maquiagem impecável mesmo após explosões e muita porradaria. Mas, como em toda a franquia John Wick, onde Keanu Reeves “para bala” com o terno , essas licenças poéticas fazem parte do charme e são facilmente perdoadas pelos fãs.

John Wick Ballerina é um filme “divertido pra caramba” , com “lacração zero” e muita “ação do início ao fim”. É um spin-off que respeita o universo , apresenta uma personagem carismática , entrega cenas de ação marcantes e, o mais importante, prepara o terreno para futuras histórias. Não reinventa a roda, mas certamente não pisa na bola.

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